Exercícios
1. (FCC/TRF-SP) Devaneios, quem não tem devaneios? Têm devaneios as crianças e os jovens,
dão aos devaneios menos crédito os adultos, mas é impossível abolir os devaneios
completamente.
Evitam-se as indesejáveis repetições da frase anterior substituindo-se os elementos em destaque,
na ordem dada, por:
a) os tem – Têm-lhes – dão-lhes – abolir-lhes
b) tem eles – Têm-nos – dão-lhes – abolir-lhes
c) os tem – Têm eles – dão-nos – aboli-los
d) tem a eles – Os têm – dão a eles – abolir a eles
e) os tem – Têm-nos – dão-lhes – aboli-los
Comentários:
Vimos na teoria que questões de reescritura por meio de pronome pessoal obedecem a um padrão:
o sujeito é substituído por pronome pessoal reto e o complemento, por pronome pessoal
oblíquo. Além disso, quando os pronomes pedidos são o(s), a(s) (objetos diretos), dependendo
das terminações, viram lo(s), la(s) ou no(s), na(s).
Nesta questão, devaneios, em todas as passagens, funciona como objeto dos respectivos verbos.
Nas 1ª e 2ª ocorrências, é objeto direto de tem. Na 3ª, é objeto indireto de dão (veja a presença
da preposição) e na 4ª, objeto direto de abolir. Como os pronomes usados são os oblíquos átonos,
além do uso, temos de atentar para a colocação. No primeiro caso, o não atrai o pronome (não os
tem). Nos segundo e terceiro casos, iniciam oração (Têm-nos) e (dão-lhes). Na quarta ocorrência,
nada proíbe o uso da próclise ou da ênclise (... impossível os abolir ou aboli-los).
Resposta: E.
2. (FCC/TRT – 18ª Região) As eleições são importantes, mas não se empreste às eleições um
valor absoluto, ainda que muitos ainda vejam as eleições como finalidade última do processo
democrático, sem falar nos que consideram as eleições uma aborrecida obrigação.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos destacados,
respectivamente, por:
a) se lhes empreste – as vejam – as consideram
b) se as empresta – as vejam – lhes consideram
c) se empreste-lhes – vejam-nas – lhes consideram
d) se empreste a elas – lhes vejam – as consideram
e) se lhes empreste – vejam-lhes – consideram elas
Comentários:
Aqui, logo pela primeira passagem, ao usar o oblíquo átono, por causa da palavra invariável se,
ficaríamos apenas com duas opções: A e E. Lembre que o pronome átono lhe, como complemento
de verbo, substitui o objeto indireto (emprestar um valor absoluto às eleições). Nas outras
ocorrências, eleições funciona como objeto direto dos respectivos verbos.
Quanto à colocação, próclise nos dois casos, pois as palavras invariáveis ainda e que atraem os
pronomes átonos.
Na letra D, estaria correto o uso do oblíquo tônico a elas, já que substitui o objeto indireto, com
preposição, pois. Mas a passagem lhes vejam estaria errada.
Resposta: A.
3. (FCC/PMSAL – Guarda Municipal )O autor explica ao leitor mais jovem quem eram os
guardas-noturnos, como a população admirava os guardas-noturnos, como confiava aos
guardas- noturnos a tarefa de velar pelo sono de todos, como tomava os guardas-noturnos
como exemplo de dedicação profissional.
Evita-se o uso abusivo de repetições na frase acima substituindo-se os elementos destacados,
respectivamente, por:
a) admirava eles – confiava neles – os tomava
b) os admirava – lhes confiava – os tomava
c) lhes admirava – os confiava – tomava a estes
d) admirava-os – confiava-lhes – tomava-lhes
e) admirava-lhes – lhes confiava – lhes tomava
Comentários:
Nas primeira e terceira passagens, guardas-noturnos aparece como objeto direto (sem
preposição) dos verbos admirar e tomar. Na primeira, como nada proíbe (veja a teoria) a
próclise ou a ênclise, caberiam “... a população os admirava” ou “... a população admiravaos”,
mas na terceira a palavra como (invariável) atrai o pronome átono (como os tomava). Na
segunda ocorrência, esse mesmo vocábulo aparece como objeto indireto, daí a substituição por
lhe. A próclise se dá por causa da presença da palavra como (invariável).
Resposta: B.
9.1.2.2. Reflexivos
Referem-se à mesma pessoa, correspondendo a a mim mesmo, a si mesmo etc.
Exs.: Eu me cortei. / Ele se feriu. / Olhou-se no espelho. / Trazia consigo as lembranças do
passado.
9.1.2.3. Recíprocos
Indicam ideia mútua, recíproca, correspondendo a um ao outro.
Exs.: Eles se abraçaram.
Os namorados olhavam-se apaixonadamente.
Vejamos um exemplo de questão.
1. (NCE/TJ – Analista Judiciário) “As verdades filosóficas se contradizem...”
O item a seguir em que o SE apresenta valor idêntico àquele que possui nesse segmento da frase
acima:
a) Procura-se um meio de fazer o homem menos cético.
b) Os homens modernos esconderam-se da verdade.
c) Pascal se declarou irracionalista.
d) A ciência e a fé se digladiam.
e) As doutrinas filosóficas queixam-se do ceticismo moderno.
Comentários:
A partícula se do enunciado funciona como pronome recíproco (uma verdade contradiz a outra).
Na letra A, o se é pronome apassivador (um meio é procurado). Em vozes verbais falaremos
sobre ele. Nas opções B e C, o pronome funciona como reflexivo (“esconderam a si mesmos” e
“declarou ele mesmo irracionalista”). Na opção D, é recíproco, pois uma se digladia com a
outra. Na E, o verbo em questão é queixar-se (pronominal), sendo o pronome parte integrante do
verbo.
Resposta: D.
9.2. PRONOMES DE TRATAMENTO
Certos vocábulos ou locuções valem por pronomes pessoais. São os pronomes pessoais de
tratamento. Referem-se à segunda pessoa, mas o verbo e os pronomes correspondentes vão para a
3ª pessoa.
Exs.: Você, Senhor, Senhora, Vossa Excelência, Vossa Eminência etc.
Vejamos um exemplo de questão.
1. (FCC/TRT – 2ª Região – Téc. Judic.) Considere o final de uma reivindicação dos moradores de
um bairro, dirigida ao prefeito da cidade:
“Esperamos que ________, senhor prefeito, _______ verificar as condições por nós apontadas, e
que sejam tomadas as medidas necessárias no sentido de solucionar tais problemas...
A _______ dispor, atentos às providências,
Os moradores.”
As lacunas estarão corretamente preenchidas, respectivamente, por:
a) V.Sa. – mandeis – vosso
b) V.Exa. – mande – seu
c) V.Exa. – mandeis – seu
d) V.Sa. – mande – vosso
e) V.Exa. – mande – vosso
Comentários:
Esta é uma questão que trata do emprego dos pronomes de tratamento. Usamos V.Exa para altas
autoridades (presidentes, governadores, ministros, prefeitos...). Além disso, os verbos e os
pronomes correspondentes vão para a 3ª pessoa (mande e seu).
Resposta: B.
9.3. PRONOMES POSSESSIVOS
São aqueles que indicam a posse em referência às três pessoas do discurso:
1ª pessoa: meu(s), minha(s), nosso(s), nossa(s)
2ª pessoa: teu(s), tua(s), vosso(s), vossa(s)
3ª pessoa: seu(s), sua(s)
Quanto aos pronomes possessivos, atenção:
Há duas maneiras de indicar a posse no discurso: utilizando-se de um pronome possessivo ou
por meio de um pronome oblíquo átono com valor possessivo. Assim, teríamos:
Beijou-lhe a face. (Beijou a sua face)
Beijou-me a face. (Beijou a minha face)
À noite, apareceram-lhe em casa alguns amigos. (em sua casa)
É exatamente isso: um pronome oblíquo átono pode ter o mesmo valor semântico que um
pronome possessivo. A seguir, alguns exemplos.
Assinale as opções em que o pronome lhe apresenta o mesmo valor significativo que possui em
“uma espécie de riso sardônico e feroz contraía-lhe as negras mandíbulas.”:
Observe que aqui o que se pede é o pronome oblíquo átono com valor de posse. Nesse caso, ele
irá sempre se referir a um substantivo e poderá ser substituído por um outro pronome possessivo.
a) A mãe apalpava-lhe o coração.
(Isso é o mesmo que a mãe apalpava o seu coração, o coração dele.)
b) Aconteceu-lhe uma desgraça.
(Aconteceu uma desgraça a ele, e não dele.)
c) Tudo lhe era indiferente.
(Tudo era indiferente a ele.)
d) Afastou-lhe os cabelos.
(Afastou os seus cabelos, os cabelos dele.)
e) Ao inimigo, não lhe nego perdão.
(Não nego perdão a ele, e não o perdão dele.)
f) Não lhe contei o segredo.
(Não contei o segredo a ele.)
g) Apertou-lhe gentilmente a mão.
(Apertou a sua mão, a mão dele.)
Resposta: as alternativas que apresentam pronomes oblíquos com valor possessivo são A, D e G.
Vejamos como esse assunto aparece nas provas.
1. (Cespe/UnB/MTE) Assinale a opção em que o pronome “lhe” não tem o mesmo sentido que em:
“O tempo arrebata-lhe a garganta”.
a) Afagou-lhe os cabelos com amor.
b) A luz sempre lhe afugenta o sono.
c) O marido sempre lhe nega a resposta.
d) Ajeitou-lhe o colar e saiu mansamente.
Comentários:
O pronome oblíquo da frase do enunciado possui valor possessivo – pode ser trocado por outro
possessivo (“O tempo arrebata a sua garganta”).
Na letra A, o pronome lhe equivale a seus (“Afagou os seus cabelos com amor”).
Na letra B, o pronome oblíquo lhe pode também ser substituído por um possessivo ( “O tempo
afugenta o seu sono”).
A letra C traz um pronome oblíquo que funciona como complemento do verbo, e não possui valor
possessivo (“O marido sempre nega a resposta a ela”).
Já a letra D apresenta um pronome oblíquo com valor possessivo: ajeitou o seu colar e saiu...
Resposta: C.
2. (Cespe-UnB) Assinale a única frase em que o pronome lhe NÃO tem sentido possessivo.
a) O tempo mudou-lhe o rosto.
b) Não lhe pude conhecer a generosidade.
c) O sabor das balas de tangerina encheu-lhe a boca.
d) O entusiasmo abriu-lhe os olhos.
e) Deram-lhe um emprego perto de casa.
Comentários:
Nas letras A, B, C e D, os pronomes oblíquos têm valor possessivo: referem-se a substantivos e
podem ser substituídos por outros possessivos. Assim, teríamos: o tempo mudou o seu rosto; não
pude conhecer a sua generosidade; o sabor das balas de tangerina encheu a sua boca; o
entusiasmo abriu os seus olhos. Apenas na letra E o pronome oblíquo não tem sentido possessivo,
ele é complemento do verbo: “deram um emprego a ele – e não um emprego dele – perto de casa”.
Resposta: E.
Bons estudos!
PRONOMES INDEFINIDOS
Agora, vamos falar sobre os pronomes indefinidos. Estes têm sentido vago ou indeterminado.
Aplicam-se à 3ª pessoa: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, vários, tanto, quanto, qualquer, alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo, mais, menos, que, quem. Veja os exemplos:
“Todo dia ela faz tudo sempre igual.” (Chico Buarque)
Havia muita preocupação no Congresso.
Chegarão mais livros na próxima semana.
Observe que os pronomes indefinidos referem-se a substantivos, como todos os pronomes fazem, indicando ideia vaga, generalizando: essa é a função de um pronome indefinido. Além dos pronomes indefinidos, existem também as locuções pronominais indefinidas, que são um grupo de vocábulos com valor de pronome indefinido: cada um, cada qual, qualquer um etc. Os pronomes
indefinidos, muitas vezes, interrogam e, nesse caso, são chamados de pronomes indefinidos
interrogativos ou, simplesmente, pronomes interrogativos. Vamos conhecê-los?
9.5. PRONOMES INTERROGATIVOS
São os pronomes indefinidos que, quem, qual, e quanto, usados nas interrogações (diretas ou indiretas). Exemplos:
Quem precisa de um novo Fidel?
Nesse caso, o pronome indefinido quem está inserido em uma frase interrogativa direta: com ponto de interrogação.
Desconheço quem organizou a festa.
Observe que, aqui, o pronome também é interrogativo, mas se insere em uma frase interrogativa indireta, sem ponto de interrogação.
Aqui, vale um recado:
Frase interrogativa indireta é aquela que vem sem ponto de interrogação, mas que também espera uma resposta. São as conjecturas. Utilizam-se de informações do tipo: desconheço, gostaria de saber, não sei...
Os pronomes indefinidos e interrogativos podem se confundir com adjetivos ou advérbios. Isso porque eles também se referem a substantivos – como os adjetivos fazem. Além disso, muitas palavras que aparecem como adjetivos ou advérbios também podem ser pronomes indefinidos:
muito, vários, todo...
Falaremos do substantivo, adjetivo e advérbio em concordância, mas já podemos definir essas classes agora, a fim de não confundi-las com os pronomes indefinidos.
Adjetivo é a classe de palavra que se refere ao substantivo, indicando-lhe qualidade, condição ou estado. É classe de palavra variável.
Advérbio é a classe de palavra que modifica verbo, adjetivo ou o próprio advérbio. Indica circunstância (tempo, intensidade, lugar etc.) e é normalmente invariável.
Pronome indefinido modifica substantivo ou entra no lugar dele. Semanticamente, indica ideia vaga. Na maioria das vezes, é classe de palavra variável (algum, qualquer, todo...), ainda que
alguns pronomes indefinidos não variem (alguém, ninguém...).
Atenção: Dizer que uma classe de palavra é variável significa dizer que ela se flexiona em gênero (masculino/feminino) e número
(singular/plural).
Vamos treinar?
Complete as lacunas de acordo com o código abaixo:
(1) Adjetivo ou locução adjetiva
(2) Advérbio ou locução adverbial
(3) Pronome indefinido
a) ( ) Maria é muito calma.
Aqui, a palavra muito se refere a calma; calma é adjetivo; muito é advérbio. Observe que ele não se flexionou; o que ratifica que é um advérbio, classe de palavra invariável.
b) ( ) Precisou de muita calma para resolver o impasse.
Calma agora é substantivo. Ora, se muita se refere a um substantivo, indicando ideia vaga, é pronome indefinido.
c) ( ) Precisou de muito dinheiro para comprar a casa.
Muito se refere ao substantivo dinheiro, indicando sentido vago, indeterminado. É pronome
indefinido.
d) ( ) Beijo pouco, falo menos ainda.
Menos modifica o verbo falo, indicando intensidade. É advérbio.
e) ( ) Hoje disponho de pouco tempo para diversão; e o que é pior, de menos disposição.
Pouco se refere a tempo, substantivo; menos se refere a disposição, também um substantivo.
Ambos indicam ideia vaga, generalizam. São pronomes indefinidos.
f) ( ) Cantava bem baixo para ninguém ouvi-lo.
Baixo modifica o verbo cantava, indicando ideia de modo. É advérbio.
g) ( ) Tinha bastante orgulho da irmã.
Bastante se refere ao substantivo orgulho. É o mesmo que muito orgulho. Indica valor vago:
pronome indefinido.
h) ( ) Era uma pessoa bastante orgulhosa.
Bastante refere-se ao adjetivo orgulhosa, intensificando esse adjetivo. É advérbio de intensidade; tanto é advérbio que, se flexionássemos as informações para o plural, essa palavra se manteria invariável: eram pessoas bastante orgulhosas.
i) ( ) Depositava confiança bastante no bom senso da filha.
Agora, bastante, que se refere a um substantivo, está o qualificando. É o mesmo que suficiente.
É, portanto, adjetivo.
j) ( ) Tenha mais paciência.
Mais se refere ao substantivo paciência, indicando ideia vaga, indeterminada. É o mesmo que muita paciência. É pronome indefinido.
k) ( ) Seja mais paciente.
Mais se refere a paciente, que é adjetivo, intensificando-o. É advérbio de intensidade.
l) ( ) Sempre leio os jornais da manhã.
Essa expressão se refere ao substantivo jornal, caracterizando-o. É uma locução adjetiva. Nesse caso, poderíamos inclusive trocar essa locução por outro adjetivo: matutinos.
m) ( ) Sempre leio os jornais de manhã.
A expressão se refere ao verbo, dando-lhe ideia de tempo: leio de manhã, pela manhã. É locução adverbial de tempo.
Gabarito: a) 2; b) 3; c) 3; d) 2; e) 3; f) 2; g) 3; h) 2; i) 1; j) 3; k) 2; l) 2; m) 1 e 2.
Tendo visto os pronomes indefinidos e em que eles diferem dos advérbios e adjetivos, resta-nos falar dos pronomes demonstrativos. É neste assunto que vamos aprender a diferenciá-los e a detectar as funções que eles desempenham no texto.
Bons estudos!