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11 CONJUNÇÕES

11.1. TEORIA E EXEMPLOS COMENTADOS

11.1.1. Conjunções coordenativas

A s conjunções coordenativas são aquelas que ligam orações de sentido completo, independente, que não exercem função sintática entre si: uma não é sujeito, objeto direto... da outra.

Essa é a principal diferença entre as conjunções coordenativas e as subordinativas: a relação sintática que não existe entre as primeiras ocorre com as últimas. Mas você deve estar se perguntando: vou ter de pensar nisso tudo na hora de classificar as conjunções? Fique tranquilo, a resposta é não. Para identificar as conjunções, não será preciso pensar em análise sintática. Basta entender o que cada conjunção indica: o que é adicionar, opor, o que é causa, concessão, efeito etc.

Assim, comecemos pelas coordenativas, que integram o primeiro bloco, entendendo cada ideia que elas iniciam, aproveitando também para conhecer as conjunções e, se possível, memorizar, ao menos, meia dúzia de cada uma delas, para poupar futuramente seu tempo de resolução de prova.

As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas.

 

As conjunções aditivas são aquelas que ligam orações ou palavras, expressando ideia de acrescentamento ou adição. São elas: e, nem (= e não), além das expressões correlativas, que vêm em pares e também somam: não só... mas também, não só... como também, bem como, não só... mas ainda. Veja a frase:

A sua pesquisa é clara e objetiva.

Aqui, a conjunção aditiva liga termos (adjetivos) e não orações (sim, porque não se engane achando que a conjunção só pode ligar orações). Tais informações se adicionam, acrescentam.

Observe ainda:

Ele não só entrou na sala como também dirigiu-se aos pais.

Nesse caso, temos as expressões correlativas, que ligam duas orações, indicando ações que se somam.

 

As conjunções adversativas são aquelas que ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste ou compensação. São elas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, não obstante. Em relação às conjunções adversativas, é interessante frisar que elas nem sempre opõem, mas podem também compensam, ressalvam.

Veja:

Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

Aqui, a conjunção adversativa opõe, o que podemos observar pelas expressões “tentei chegar” e “não consegui”. Logo, esse exemplo nos traz uma conjunção adversativa com valor de oposição, contraste.

Agora, observe:

Seu discurso foi breve, mas violento.

Nesse caso, temos palavras que não se contrastam: breve não é contrário de violento, mas é sua compensação. Logo, temos aqui conjunção adversativa com valor de ressalva, compensação.

 

As conjunções alternativas são aquelas que ligam orações ou palavras, expressando ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora...ora, já... já, quer... quer, seja... seja. O que é interessante evidenciar nesse conceito é que elas podem, então, indicar, basicamente, duas ideias:

Ou saio eu, ou sai ele desta sala. (exclusão, escolha)

O cavalo avançava ora para a esquerda, ora para a direita. (alternância)

Você deve estar se perguntando: por que é preciso saber que a conjunção alternativa indica duas ideias (alternância ou exclusão)? Por dois motivos: primeiro, porque assim você não se engana achando que, se a conjunção é alternativa, só pode indicar alternância. Depois porque, em algumas questões, o examinador pode exigir um conhecimento mais específico: não que se diga apenas o

nome da conjunção, mas que se explique o valor semântico que ela traz.

 

As conjunções conclusivas são aquelas que ligam à anterior uma oração que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: logo, pois (dica importante: quando deslocado na oração, depois do verbo), portanto, por conseguinte, por isso, assim.

Veja um exemplo:

Ele estava bem preparado para o teste, portanto, não ficou nervoso.

Aqui, o fato de não ficar nervoso é o resultado de ele ter se preparado bem para o teste. É a sua conclusão.

As conjunções explicativas são aquelas que justificam a ideia da oração a que se referem. São elas: que, porque, pois (dica importante: quando iniciar a oração, antes do verbo), porquanto.

Assim, temos:

Venha para casa, pois está começando a chover.

Não demore, que o filme vai começar.

Interessante observar que as conjunções explicativas normalmente vêm ligadas a orações com verbos no imperativo – ordem, pedido, conselho (“venha para casa”, “não demore”). Isso ocorre porque é uma questão de educação dar a ordem e, na sequência, explicar, justificar o porquê daquele comando. Essa é uma boa dica para reconhecer as conjunções explicativas com mais rapidez nas frases. Eis uma notícia boa: ao ver uma oração com verbo no imperativo, ligada a um porque, pois, porquanto, normalmente a conjunção será explicativa. A notícia ruim é que a conjunção explicativa pode vir também ligada a oração sem verbo no imperativo. Mas aí, para

identificá-la facilmente, é só se lembrar do seu conceito: ela indica a explicação, a justificativa para o que foi dito anteriormente. Assim,

“Fazia tudo para ser agradável, pois não deixava uma pergunta sem respostas.” (E. Bechara)

Aqui, a segunda oração explica, justifica aquilo que se disse na primeira. A conjunção é, então, explicativa.

 

Uma prova que tratou da conjunção explicativa ligada a verbo no imperativo foi a de Perito

Criminal da Polícia Civil, Fundação Getulio Vargas, realizada em 2009. Veja:

Quase Nada

1. No quarto quadrinho, a palavra que introduz uma:

a) causa.

b) consequência.

c) explicação.

d) condição.

e) concessão.

Comentários:

A conjunção que aparece ligada a verbo no imperativo – acorda – indicando uma explicação para o que se disse na outra oração. Poderíamos até trocar o que por outra conjunção explicativa – porque, pois. Observe que a banca não se preocupa tanto se a conjunção é coordenativa ou subordinativa, e sim com o valor semântico que ela indica – explicação. É uma tendência das bancas atuais: não cobrar do aluno memorização da nomenclatura, mas compreensão das ideias expressas pelos conectores.

Resposta: C.

Antes de partirmos à análise de outras questões de concursos, vamos fixar os conceitos por meio de frases curtas, para verificar se você entendeu a teoria.

 

Classifique as conjunções coordenativas das frases abaixo.

1. Fale baixo, porque todos estão dormindo.

Comentários: Ordem seguida da explicação.

Resposta: conjunção explicativa.

 

2. Não só passeia, mas ainda cumpre a obrigação.

Comentários: As duas ações se somam, ele passeia e cumpre a obrigação: “não só, mas ainda”.

Resposta: conjunções aditivas.

 

3. Estudou muito e não foi aprovado.

Comentários: Apesar de a conjunção “e” ser normalmente aditiva, aqui ela contrasta, não segue o esperado: o que se esperava seria estudar e ser aprovado.

Resposta: conjunção adversativa.

 

4. Estudou muito e foi aprovado.

Comentários: Nesse caso, a conjunção não soma nem opõe, ela indica o resultado, a conclusão.

Resposta: conjunção conclusiva.

 

5. Você leu as cláusulas do contrato; não reclame, pois, das dificuldades que surgirem.

Comentários: Observe bem: a conjunção pois veio após o verbo, entre vírgulas, o que indica o seu deslocamento; além do mais, traz ideia de resultado.

Resposta: conjunção conclusiva.

 

6. Nem estuda nem deixa os outros estudarem.

Comentários: Dizer que nem estuda nem deixa os outros estudarem é o mesmo que dizer que não se fazem as duas coisas: não estuda e não deixa os outros estudarem.

Resposta: conjunção aditiva. Cuidado para não confundir com as alternativas: não são ações que se alternam e sim que se somam.

 

7. Analisamos o projeto com muita atenção, estamos, pois, aptos a executá-lo.

Comentários: Novamente, o pois deslocado. As vírgulas são uma preciosa dica. Ideia de resultado, conclusão.

Resposta: conjunção conclusiva.

 

8. O regulamento era bastante claro a esse respeito; no entanto, muitas pessoas teimavam em fingir que não sabiam de nada.

Apesar da clareza do regulamento, pessoas fingiam não saber de nada: oposição, contraste.

Resposta: conjunção adversativa. Além do mais, as conjunções entretanto, porém, no entanto serão sempre adversativas!

 

9. Ou não entendeu, ou fingiu-se de tolo.

Comentários: Duas opções que se excluem.

Resposta: as conjunções são alternativas e o valor semântico é de exclusão, escolha: uma coisa ou outra.

 

10. As autoridades levantaram-se e aplaudiram o velho professor.

Comentários: Finalmente um e que soma: duas ações que se adicionam.

Resposta: conjunção aditiva.

 

11. Saia da varanda, que está muito frio.

Comentários: Aproveite a estruturação da frase: temos a ordem (verbo no imperativo), seguida da explicação.

Resposta: conjunção explicativa.

 

12. Ele agradeceu a mim bem como a todos os presentes pela ajuda recebida.

Comentários: Ele agradeceu a mim e a todos.

Resposta: conjunção aditiva.

 

Vamos resolver algumas questões? Mas antes uma dica importante: nas provas atuais de concursos públicos, podemos observar duas tendências de questões em relação ao assunto que estamos abordando. Entenda:

Existem as questões que retiram um trecho do texto e pedem que você classifique a conjunção destacada ou, simplesmente, indique o valor semântico que ela representa.

Há também as questões de reescritura, em que se retira um trecho de um texto, com determinada conjunção em destaque, para que o aluno julgue que outras conjunções seriam capazes de substituíla, mantendo-se o sentido original da frase.

Para resolver as questões do primeiro tipo, é preciso que você identifique a conjunção na frase em destaque, analisando a ideia que ela indica. Eis um exemplo:

 

1. (FCC/TRF – 2ª Região) No texto, o segmento “... podem ora ser consideradas como orientação geral, ora como disposição...” expressa ideias de ações:

a) opostas.

b) repetidas.

c) alternadas.

d) simultâneas.

e) concomitantes.

Comentários:

O que temos na frase são ações que se alternam. Os próprios conectivos ora, ora confirmam essa ideia. A letra A seria a resposta, caso se tratasse de conjunção adversativa. Quanto à letra B, imaginamos que a banca esteja tratando de ações que se somam (aditivas). Já as letras D e E referem-se às conjunções temporais, que podem indicar ações que ocorrem ao mesmo tempo (simultâneas, concomitantes).

Conclusão: para resolver uma questão como essa, basta que você leia a frase com cuidado para entender o valor semântico indicado pela conjunção.

Resposta: C.

 

2. (FCC/TRF-SP) O emprego do elemento sublinhado compromete a coerência da frase:

a) Cada época tem os adolescentes que merece, pois estes são influenciados pelos valores socialmente dominantes.

b) Os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, por conseguinte alguns ainda resistem ao pragmatismo moderno.

c) Nos tempos modernos, sonhar faz muita falta ao adolescente, bem como alimentar a confiança em sua própria capacidade criativa.

d ) A menos que se mudem alguns paradigmas culturais, as gerações seguintes serão tão conformistas quanto a atual.

e) Há quem fique desanimado com os jovens de hoje, porquanto parece faltar-lhes a capacidade de sonhar mais alto.

Comentários:

O enunciado busca a alternativa que apresente uma conjunção mal escolhida, ou seja, que não expresse a ideia que ela deveria indicar.

A alternativa B traz o conectivo por conseguinte, cuja ideia é de conclusão. No entanto, esse conectivo está introduzindo uma oposição: os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, mas alguns ainda resistem ao pragmatismo moderno. Assim, a conjunção que deveria unir essas duas orações deveria ser adversativa (mas, porém, contudo, todavia etc.), e não conclusiva. A letra A apresenta uma afirmativa seguida de sua explicação, confirmada pelo conectivo pois. A letra C apresenta duas informações que adicionam, o que se percebe pela conjunção aditiva bem como. A letra D introduz uma condição para que a outra oração ocorra, o que estudaremos nas conjunções

adverbiais condicionais. Finalmente, a letra E traz um porquanto, que estabelece uma explicação para a outra oração.

Resposta: B.

Atenção: não confunda a conjunção porquanto com portanto. Porquanto é o mesmo que porque.

 

Conclusão: nesse tipo de questão, além de entender a ideia que cada conjunção está veiculando, é necessário ter memorizado uma lista básica de conjunções para cada classificação. Isso agiliza o tempo de resolução da questão. De outra forma, além de ler cada frase e entender a sua mensagem, o aluno teria de fazer um certo esforço para lembrar o que cada uma das conjunções normalmente

indica. Aqui, então, você precisaria entender a ideia estabelecida por cada conjunção e memorizar uma lista mínima de conectores.

São duas questões que necessitam que detectemos em cada frase o valor semântico que a conjunção expressa (oposição, ressalva, explicação etc.).

Há também as questões que buscam reescritura de frases, ou seja substituições de conjunções por outras que expressem a mesma ideia, entendemos que a memorização da lista das conjunções seja mais importante do que a compreensão do que está escrito na frase.

Veja um item de uma prova para o Ministério das Relações Exteriores, da banca organizadora

Cespe/UnB, ocorrida no ano de 2009. Nela, esperava-se que o candidato julgasse a assertiva como certa ou errada.

 

1. “Essas disputas, contudo, podem ter mais relação com o perfil de potência regional do Brasil,

uma vez que suas empresas multinacionais competem de modo mais agressivo por negócios além das fronteiras brasileiras.”

a) A expressão “uma vez que” pode, sem prejuízo para a correção gramatical do período e sem alteração das informações originais, ser substituída por qualquer uma das seguintes: visto que, já que, pois, porque, porquanto.

Comentários:

Nesse caso, o mais importante não era entender a frase do texto, e sim ter memorizado as conjunções. Consulte a lista de conjunções explicativas que você possui e veja se não estão todas lá. Simples, não é? Já para o aluno que não memorizou...

Resposta: certa.

Mais uma questão do mesmo concurso: pedia-se o de sempre, ou seja, julgar a alternativa como certa ou errada.

 

2. “Com isso, a partir de janeiro de 2009, a produção terá redução total de 4,2 milhões de barris diários. A medida, que foi acompanhada por países fora do cartel, não conseguiu, no entanto, segurar o preço da commodity, que caiu abaixo dos US$ 40.” (O Globo, 18/12/2008.)

a) O termo “no entanto” pode, sem prejuízo para a correção gramatical do período e sem alteração das informações originais, ser substituído por qualquer um dos seguintes: porém, contudo, conquanto, contanto que.

Comentários: A conjunção no entanto é adversativa. Na lista das coordenativas adversativas só aparecem as duas primeiras: porém e contudo.

Conquanto é uma conjunção concessiva, que, apesar de indicar a mesma ideia de contrariedade, levaria o verbo para o subjuntivo. Logo, tal conjunção até manteria a ideia da adversativa “no entanto”, mas prejudicaria a correção gramatical do período.

Contanto que é conjunção condicional, que nada tem de semelhança com a conjunção adversativa do texto.

Resposta: errada.

Você deve estar se perguntando: então, para resolver as questões de conjunções, basta que eu decore a lista de cada uma delas? Infelizmente, não. Ainda que para algumas questões a memorização baste, entender as relações semânticas que as conjunções estabelecem nas frases é fundamental por alguns motivos:

1. Algumas conjunções estabelecem mais de uma ideia, aparecem em mais de uma lista. Você vai aprender que um porque pode ser causal, explicativo ou final. Um pois pode ser conclusivo, explicativo ou causal. Além dessas conjunções, há outras que podem ter mais de uma classificação (desde que, que, se...). Assim, só uma leitura cuidadosa da frase permitiria a classificação da conjunção. Nesse caso, ter memorizado as conjunções ajuda, mas não resolve a questão.

2. Há questões que pedem que se identifique o valor semântico da conjunção, e não simplesmente que dê a sua classificação. Vimos, por exemplo, que a conjunção adversativa mas pode indicar adversidade ou ressalva: haverá questões que vão buscar que você identifique qual das duas ideias a conjunção indica. Decorar a lista, aqui, resolveria o seu problema?

 

Bons estudos!

Conjunções subordinativas

Vamos agora ao estudo das conjunções adverbiais, que estatisticamente são aquelas que mais aparecem nas provas de concursos públicos de variadas bancas.

Conjunção subordinativa é a palavra ou locução conjuntiva que liga duas orações, sendo uma delas dependente da outra. A oração dependente, introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de oração subordinada.

Ex.: O baile já tinha começado quando ele chegou.

or. principal ↑ or. subordinada

conj. subord.

As conjunções subordinativas subdividem-se em adverbiais e integrantes. Vamos a elas...

As conjunções adverbiais são aquelas que indicam circunstâncias. Lembre-se de que circunstância é uma ideia que se adiciona à frase sem ser necessária. É a história do fofoqueiro: onde?, como?, por quê?, para quê?... Certa vez, o professor Evanildo Bechara comentou, em uma palestra, que circunstância é algo que a frase não pede, só a nossa curiosidade... Pois bem, cabe

ao aluno conhecer as ideias circunstanciais que se acrescentam à ideia principal de um texto, desenvolvendo-a. Podem ser causais, consecutivas, concessivas, condicionais, comparativas, conformativas, finais, temporais e proporcionais.

Primeiramente, temos as conjunções causais (porque, que, como (= porque), pois que, uma vez que, visto que, porquanto, já que etc.), que são aquelas que indicam um fato que faz com que o outro ocorra. Logo, para cada causa haverá um efeito. Se você não achar o efeito, então não havia causa. Daí, o exemplo:

Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.

O fato de ele não dispor de meios é que fez com que ele não fizesse a pesquisa. Agora, cuidado!

Não confunda a causa com o efeito. Antes de classificar a conjunção, lembre-se de que a conjunção recebe o nome da ideia que vem depois dela, não antes. Se o que vem depois do porque é que fez com que ele não fizesse a pesquisa, então porque é uma conjunção causal.

Aqui, valem dois recados:

Atenção:

1. Tenha em mente, ao resolver a questão, o conceito de causa: ela é um fato que faz com que o outro ocorra.

2. Antes de classificar a conjunção, cuidado para não olhar para o lugar errado: a conjunção recebe a classificação do que ela inicia, não do que veio antes dela.

Você deve estar perguntando: e se a conjunção iniciasse a oração ele não fez a pesquisa e não a outra oração? Aí, ela seria consecutiva, pois estaria iniciando o efeito, a consequência.

Assim, surge a conjunção consecutiva, que é aquela que introduz uma oração que expressa a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo que, de forma que, sem que (= que não), que (tendo como antecedente na oração principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho) etc.

Portanto, temos a frase:

Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do exame.

O primeiro passo é reconhecer que há, nessa frase, uma relação de causa e efeito. Triste é quando a gente sequer enxerga isso no texto...

Em seguida, organizar, na frase, o que é causa e o que é o efeito.

Lembre-se de que:

1. Na linha do tempo, a causa antecede o efeito: acontece antes.

2. A conjunção recebe o nome da ideia que ela inicia.

Assim, temos:

O fato de estudar tanto durante a noite aconteceu antes de ter dormido na hora do exame: estudar muito fez com que dormisse na prova. Logo, estudar é a causa e dormir é o efeito. Ora, se a conjunção inicia o fato de ter dormido na hora do exame, que é a consequência, ela é consecutiva e não causal.

As conjunções concessivas introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal,

sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: ainda que, apesar de que, embora, mesmo que,

conquanto, se bem que, por mais que, posto que etc. Observe:

Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

O fato de ser tarde não impediu que fôssemos visitá-lo. São informações contrárias, que não se excluem. Além do mais, o verbo está no subjuntivo (fosse), o que acaba sendo uma característica marcante das conjunções concessivas.

Atenção:

1. As conjunções concessivas indicam contrariedade, oposição.

2. A fim de não confundi-las com as coordenativas adversativas, que também contrastam, não deixe de memorizar as conjunções de cada lista e de lembrar que a conjunção concessiva, normalmente, leva o verbo para o subjuntivo, o que não ocorre com as adversativas.

Mais um exemplo para você fixar: Eu não desistirei desse plano mesmo que todos me abandonem.

O fato de todos me abandonarem não impedirá que eu desista desse plano: ideia de concessão.

Atenção ao verbo “abandonem”, que está no presente do subjuntivo.

As conjunções condicionais introduzem uma oração que indica a hipótese ou a condição para a ocorrência da principal. São elas: se, contanto que, salvo se, desde que, a menos que, a não ser que, caso etc.

Veja o exemplo:

Se precisar de minha ajuda, telefone-me.

A ação de me telefonar só ocorrerá caso seja necessária a minha ajuda. É a hipótese para a ocorrência da outra oração. Observe que o verbo está no subjuntivo – precisar, o que enfatiza a ideia hipotética que a oração traz.

As conjunções conformativas introduzem uma oração em que se exprime a conformidade de um fato com outro. São elas: conforme, como (= conforme), segundo, consoante etc. Pense sempre assim: a conjunção conformativa indica um fato que se realiza de acordo com outro, em conformidade com outro. Assim:

Arrume a exposição segundo as ordens do professor.

A exposição será arrumada em conformidade, de acordo com o que o professor ordenar.

As conjunções finais introduzem uma oração que expressa a finalidade ou o objetivo com que se realiza a principal. São elas: para que, a fim de que, porque (= para que), que etc. É mais uma conjunção que, por também indicar hipótese, apresenta, em geral, o verbo no subjuntivo. Veja:

Toque o sinal para que todos entrem no salão.

A finalidade, o objetivo da primeira oração (“toque o sinal”) é de que todos entrem no salão.

Veja como a finalidade é uma consequência desejada, almejada, hipotética.

A s conjunções proporcionais introduzem uma oração que expressa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência principal. São elas: à medida que, à proporção que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais), quanto mais... (menos), quanto menos... (mais), quanto menos... (menos) etc. É simples: uma ideia que se realiza proporcionalmente à outra. Assim:

O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam.

Eis o que a conjunção proporcional indica: quanto mais o preço fica caro, mais os produtos escasseiam. São ações diretamente proporcionais. Podemos ter até ações inversamente proporcionais:

Quanto mais reclamava, menos atenção recebia.

Na sequência, temos as conjunções temporais, que são aquelas que introduzem uma oração que acrescenta uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração principal. São elas: quando, enquanto, assim que, logo que, todas as vezes que, desde que, depois que, sempre que, mal (= assim que) etc. Essa ideia de tempo pode iniciar um tempo simultâneo, concomitante:

A briga começou assim que saímos da festa.

As duas ações ocorrem ao mesmo tempo. É conjunção temporal que indica tempo simultâneo.

Mas não será sempre assim. Veja:

A cidade ficou mais triste depois que ele partiu.

A conjunção é temporal, indicando tempo anterior. Que interessante: a locução conjuntiva depois que está iniciando uma oração com valor de anterioridade (ele partiu aconteceu antes de a cidade ficar mais triste) e não de posterioridade. Por isso, é tão importante você se adestrar e, antes de classificar a conjunção, olhar para a oração que vem depois dela, não antes!

Agora, vêm as que consideramos mais fáceis: as conjunções comparativas. As conjunções comparativas introduzem uma oração que expressa ideia de comparação com referência à oração principal. São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, tal, qual, tal qual, que (combinado com menos ou mais) etc. Assim, temos:

O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.

Vemos aqui ações que se comparam. Observe: o verbo das orações comparativas normalmente vem implícito, por ser o mesmo da outra oração. É como se eu dissesse: o jogo de hoje será difícil como o de ontem foi difícil. Observe mais um exemplo:

Ele é preguiçoso tal como o irmão.

É como se disséssemos: ele é preguiçoso como o irmão é preguiçoso.

Atenção: A oração comparativa vem com verbo implícito, contando, portanto, como uma oração. Se houver uma questão que pergunte quantos verbos há no período, não deixe de contar com o verbo da oração comparativa, embora ele não esteja explícito.

Por fim, temos as conjunções integrantes. Deixamos essas conjunções para o final, porque elas não integram o bloco das adverbiais, não trazem ideia circunstancial. O seu papel é iniciar oração substantiva, a oração que vale por um substantivo. Lá na escola, a professora nos aconselhava a substituir a oração substantiva por isto, que é um pronome substantivo, só para ter certeza de que

ela é substantiva. Assim, teríamos:

Espero que ele traga os documentos necessários.

A conjunção integrante que integra a oração substantiva (que ele traga os documentos necessários), oração que vale por um substantivo, que pode ser trocada por isto. Veja que ela não tem nenhum dos valores semânticos que estudamos anteriormente (causa, condição, concessão...), apenas inicia uma oração substantiva. Mais um exemplo:

Não sei se José foi aprovado.

Eis um exemplo de conjunção integrante se: ela inicia uma oração que vale por um substantivo (aprovação de João). É a conjunção integrante.

Atenção:

1. As conjunções subordinativas dividem-se em dois blocos: integrantes (sem valor semântico) e adverbiais (que indicam ideia circunstancial, apresentando os valores de causa, condição, concessão etc.)

2. Reconhecer a conjunção integrante é simples: basta trocar a oração que ela inicia por um substantivo, ou, simplesmente, por isto.

Que tal treinarmos um pouco antes de encararmos as questões de concursos? A seguir, apresentamos algumas frases para fixarmos os conceitos.

Classifique as conjunções subordinativas destacadas nas frases a seguir:

1. Não vieram porque chovia muito.

Comentários: O fato de chover muito fez com que não viessem: inicia a causa.

Resposta: conjunção causal.

2. Por mais que estude, corre o risco de ser reprovado.

Comentários: O esperado seria que, estudando muito, fosse aprovado. Tem-se a ideia de oposição.

Resposta: conjunção concessiva. Atenção ao verbo no subjuntivo.

3. Como todos sabem, tenho um nome respeitado.

Comentários: A conjunção como tem valor de conforme, de acordo com.

Resposta: conjunção conformativa.

4. Ninguém sabe se ele está vivo ou morto.

Comentários: Ninguém sabe isto.

Resposta: a conjunção inicia oração substantiva, integrante.

5. Estava tão cansado, que adormeceu na poltrona.

Comentários: Lá vem ela: a relação de causa e efeito. Organize o seu raciocínio: o fato de estar cansado fez com que ele adormecesse na poltrona. A causa é o cansaço, o efeito é adormecer na poltrona.

Resposta: a conjunção que inicia o efeito, ela é consecutiva. Além do mais, quem já memorizou sabe que um que antecedido de tão normalmente é consecutivo.

6. Menti porque precisava.

Comentários: O fato de precisar fez com que eu mentisse. Precisar é a causa, mentir é a consequência.

Resposta: a conjunção inicia a causa: ela é causal.

7. Menti porque não fosses punido.

Comentários: Esse porque pode ser trocado por para que, a fim de que. O verbo, além disso, está no subjuntivo, indicando hipótese.

Resposta: conjunção final.

8. Ainda que me ameaces, nada revelarei.

Comentários: Relação de oposição, contrariedade, um fato que não impede que o outro ocorra: o fato de me ameaçar não vai impedir que eu nada revele. E o verbo no subjuntivo.

Resposta: conjunção concessiva.

9. Como ele se despedisse, acompanhamo-lo à porta.

Comentários: Relação de causa e efeito: o fato de ele se despedir fez com que o acompanhássemos até a porta.

Resposta: inicia a causa, a conjunção é causal.

10. Sempre que estou estudando, não gosto que façam barulho.

Comentários: Indica ideia de tempo. Não gosto que façam barulho quando estou estudando.

Resposta: conjunção temporal.

11. Caso ela me beije, pensarei no caso.

Comentários: A ação de pensar no caso só ocorrerá se ela me beijar. Valor de hipótese, condição. E verbo no subjuntivo – beije.

Resposta: conjunção condicional.

12. Quanto mais trabalho, menos tempo tenho para ganhar dinheiro.

Comentários: Ações inversamente proporcionais: quanto mais se trabalha, menos se ganha dinheiro.

Resposta: conjunção proporcional.

13. Se bem que estude muito, não aprende tudo.

Comentários: O verbo no subjuntivo – estude – e uma ideia de oposição: o fato de estudar muito não garante o aprendizado da matéria.

Resposta: conjunção concessiva.

14. Desde que saiu, não consigo raciocinar direito.

Comentários: A ação de não ________________raciocinar direito ocorre desde o momento em que alguém saiu. Ideia de tempo anterior.

Resposta: conjunção temporal.

15. Como seu irmão, Mariana sabia se comportar.

Comentários: A conjunção como equivale a do mesmo modo que. É como se disséssemos:

Mariana sabe se comportar do mesmo modo que seu irmão sabe se comportar. O verbo vem implícito, por ser o mesmo da outra oração. São ideias que se comparam.

Resposta: conjunção comparativa.

Devidamente treinados em relação às conjunções subordinativas? Esperamos que sim. Agora, chegamos ao momento mais importante deste capítulo: a mistura das conjunções coordenativas e subordinativas. O aluno que sabe mesmo não se confunde quando vêm todas juntas. As dicas são muito simples:

Não se preocupe com a nomenclatura coordenativa ou subordinativa. O mais importante é a ideia que cada conjunção traz. Exemplo: se a conjunção iniciar uma ideia de explicação e não de causa, será coordenativa, e não subordinativa. O mais importante é identificar o valor semântico da oração que a conjunção inicia.

Não deixe de memorizar uma lista mínima para cada bloco de conjunções: isso poupará tempo de resolução de prova. Exemplo: o aluno que não memoriza que conquanto será sempre conjunção concessiva, pode perder muito tempo pensando sobre as outras ideias (causal, explicativa, conformativa...).

Não deixe de olhar para o que vem depois da conjunção, não para o que vem antes. Na dúvida, procure também substituir a conjunção por outras que tenham o mesmo sentido, para ter certeza da resposta certa.

E o mais importante: procure lidar com a frase da forma como ela está no texto. Não imagine situações, não extrapole o que está escrito. Exemplo: diante de uma conjunção condicional, que é a hipótese para a ocorrência da outra oração, não fique imaginando um contexto em que essa hipótese viesse a ocorrer. Se fosse assim, ela seria causal e não condicional. Dessa forma, você acaba

errando porque pensou em outra coisa.

 

Classifique as conjunções a seguir:

1. Convém que tomes cuidado.

Comentários: Convém isto. A conjunção inicia oração substantiva.

Resposta: conjunção subordinativa integrante.

2. Mesmo que me peça, não atenderei.

Comentários: Algo que não se espera, contraditório. Verbo no subjuntivo. É o mesmo que embora, ainda que.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial concessiva.

3. Nem canta nem assovia.

Comentários: Não realiza as duas ações: cantar e assoviar. Nem é o mesmo que e não.

Resposta: conjunção coordenativa aditiva.

4. Ora canta, ora assovia.

Comentários: Ações que se alternam: algumas vezes canta, outras assovia.

Resposta: conjunções coordenativas alternativas.

5. Quanto mais canta, mais feliz fica.

Comentários: Ações diretamente proporcionais. É o mesmo que à medida que.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial proporcional.

6. Vai logo, que chegarás atrasado.

Comentários: Ordem seguida da sua explicação. Atente ao verbo da primeira oração no imperativo. Que, aqui, equivale a pois.

Resposta: conjunção coordenativa explicativa.

7. Ele se complicou, por isso foi repreendido.

Comentários: Ser repreendido é a conclusão de ele ter se complicado. Não confunda com a subordinativa consecutiva: por isso pertence à lista das conclusivas. É o mesmo que logoportanto.

Resposta: conjunção coordenativa conclusiva.

8. Ele falou tanto que foi repreendido.

Comentários: O fato de muito ter falado fez com que ele fosse repreendido. Atenção ao que antecedido de tanto.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial consecutiva.

9. Vem, que eu te abraçarei.

Comentários: Pedido seguido de sua explicação. O que, aqui, equivale ao pois.

Resposta: conjunção coordenativa explicativa.

10. Conversa mais que trabalha.

Comentários: Comparam-se as ações de conversar e trabalhar.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial comparativa.

11. Estudou, logo foi aprovado.

Comentários: Ser aprovado é a conclusão de ter estudado. É o mesmo que por isso, por conseguinte, portanto.

Resposta: conjunção coordenativa conclusiva.

12. Estava tão cansado, que adormeceu na poltrona.

Comentários: Que antecedido de tão. Adormecer na poltrona é a consequência de estar muito cansado.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial consecutiva.

13. Que eu saiba, Luís não é casado.

Comentários: É o mesmo que conforme eu saiba, de acordo com o que eu sei.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial conformativa.

14. Sem que eu tenha este documento nas mãos, nada poderei fazer.

Comentários: Ter o documento nas mãos é a condição para que eu faça algo. Atenção ao verbo tenha, no presente do subjuntivo.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial condicional.

15. Comprei as mangas, verdes que estivessem.

Comentários: O fato de as mangas estarem verdes não impediu que as comprasse. É o mesmo que embora, ainda que estivessem verdes.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial concessiva.

16. No elogio há sempre menos sinceridade que na censura.

Comentários: Ações que se comparam. Observe que o verbo da segunda oração está implícito:

“No elogio há sempre menos sinceridade que há sinceridade na censura”.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial comparativa.

17. Entre em silêncio que as crianças não acordem.

Comentários: As crianças não acordarem é a finalidade de se entrar em silêncio. Veja o verbo acordem no subjuntivo. É o mesmo que a fim de que, para que as crianças não acordem.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial final.

18. Foi ao clube, porém não tinha ânimo.

Comentários: Ideia de adversidade, oposição. É o mesmo que mas, contudo, todavia. Não confunda com a conjunção concessiva, que possui a mesma ideia de contrariedade, mas leva o verbo para o subjuntivo.

Resposta: conjunção coordenativa adversativa.

19. Embora não tivesse ânimo, foi ao clube.

Comentários: Agora sim: o verbo está no subjuntivo. Ideia de oposição, contrariedade. Um fato (não ter ânimo) que não impede que o outro (ir ao clube) ocorra. É o mesmo que ainda que não tivesse ânimo.

Resposta: conjunção subordinativa adverbial concessiva.

 

Bons estudos!