É muito louco dizer isso, parece mentira, mas, sim, estamos num momento de ultra-liberdades. Uma época onde 'ultra-deveres' não necessariamente englobam obediência cega.

Esse é um lugar no espaço-tempo da existência que nos desafiou à hiperconectividade. 'Se tiverem acesso fácil e rápido uns aos outros do mundo inteiro, serão humanos capazes de respeito?' Desafio aceito e momento de profunda transformação. Não sabemos o resultado, mas temos parciais:

- O feminino participa desse momento atribuindo e cobrando sensibilidade. O masculino terá outros fundamentos, outros papéis. É inevitável: no futuro seremos regidos por corações;

- O preconceito está, historicamente, em debate. Nossos resquícios de desrespeito ao diverso estão sendo esticados, puxados e questionados o tempo inteiro;

- A sexualidade está se abrindo de uma maneira em que, em breve, não haverá mais ligação entre moral e sexo.

- Movimentos e coletivos de todos os tipos estão produzindo esse tão falado NOVO MUNDO. Somos a geração da produção absurda de informação. Questionemos, sim, o proveito disso; mas é inquestionável o quanto temos produzido, encarado e escancarado. Há uma histórica movimentação em busca de novas verdades, novos ângulos. O dito pelas elites, pelos veículos de mídia e por 'formadores de opinião' nunca foi tão posto à prova como nesses anos de agora que todos temos a sorte de vivenciar.

- A violência, apesar de nos chocar diariamente, está em cheque. Somos uma geração que debate de maneira concreta e inteligente algumas possíveis saídas para esse quadro: legalização das drogas, desmilitarização das polícias, atenção popular aos direitos humanos.

- A vaidade está sendo posta à prova. Uma geração capaz de produzir e revolucionar é altamente suscetível ao amor próprio em excesso. O que, gradualmente, gera guerras. Alguns mais ligeiros já estão em constante luta contra a figura que nós mesmos criamos na internet.

- A miséria está, sim, sendo aberta, revista e redebatida. Se ainda há irmãos esquecidos por aqui e em países que se encontram em guerra civil ou ditaduras, a internet já abriu os olhos de muitos para tal fato. É crescente o número de pessoas que acha extremamente babaca adorar uma nação (mesmo a própria). Muitos entenderam que é preciso focar no ser humano, não em meros limites geográficos que criamos.

Pelo óbvio caos ao redor, para muitxs leitorxs pode parecer que nosso barco está afundando. Pra mim, não. Eu acredito absolutamente no contrário. Sociedade muda não muda nada. Há de se gritar. Há de buscar caminhos novos para respirar ar puro. É duro estar em meio ao fogo cruzado, mas há de haver um dia em que acordarei aliviado e direi:

'Que belo planeta nós construímos!'

	Created by KarinaSantos almost 10 years ago

Note on POEMA 1 , created by KarinaSantos on 01/06/2014.

POEMA 1