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Livro Pânico e Desamparo
Rogerio Cogo
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Rogerio Cogo
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Question Answer
Tal é a essência econômica da situação traumática: o desamparo do aparelho psíquico em face do aumento incontrolável da excitação pulsional.
O sinal de angústia é um comportamento previdencial: a criança não se angustia mais diante da perda do objeto, mas diante do temor da perda do amor do objeto.
No campo da angústia-automática, Freud fazia da angústia uma consequência direta do recalque. Este, ao expelir do sistema consciente a representação pulsional, deixa ociosa uma certa quantidade de libido que se transforma imediatamente em angústia: "A angústia é um produto da libido como o vinagre é um produto do vinho".
No campo da angústia-sinal, ele faz agora do recalcamento não mais a origem, mas a consequência da angústia. Quando uma representação pulsional se mostra perigosa, ameaçadora ou culpabilizada, ela suscita uma angústia ao nível do Eu e é então que intervém o recalcamento.
A angústia-sinal tem doravante por finalidade alertar o sujeito para os perigos ligados à separação eventual, e já não traduz apenas uma reação de angústia instantânea e automática diante das perdas ou das separações efetivas.
O homem defende-se do terror através da angústia. Pelo sinal de angústia, o aparelho psíquico visa impedir esse excesso sexual insuportável e desnaturado que é a angústia automática.
Tal estado de coisas [a angústia automática] se instala quando o aparelho psíquico encontra-se incapaz de dar conta do afluxo de excitação sexual que o atinge.
A angústia funda-se sobre a Hilflosigkeit, ou seja, sobre uma condição fundamental de desamparo.
O que garante a estabilidade entre os indivíduos e a manutenção da massa? o amor de cada um dos membros do grupo para com o líder - erigido em figura ideal
O líder é investido de atributos ideais que condensam as aspirações narcísicas e de dependência. O pânico seria... a súbita RUPTURA DESSE LAÇO AMOROSO FUNDAMENTAL AO LÍDER, levando à ruptura da organização coletiva.
HIPÓTESE FREUDIANA SOBRE O PÂNICO Entrar em pânico é o efeito imediato de uma drástica ruptura dessa estrutura libidinal [do laço amoroso com o líder], lançando o indivíduo subitamente ao vazio de seu próprio desamparo. Não há mais nenhuma garantia para as identificações que até então constituíam a matriz imaginária sobre a qual fundava-se a unidade do grupo e, correlativamente, a integridade do eu.
O desencadeamento desse fenômeno tem a mesma estrutura do ponto de vista da economia libidinal, isto é, ocorre em função da ruptura dos laços amorosos que ligam os diferentes elementos de um sistema.
Personagem ao mesmo tempo amado e temido, o líder encarna o pai onipotente, não castrado, cujo poder supostamente infalível indica com certeza o caminho correto e seguro a ser seguido.
Reencontramos aqui o aspecto protetor e tranquilizador do pai que traz garantias lá onde, de fato, não existe nenhuma.
As características atribuídas ao líder constituem antes de mais nada "obras de pura imaginação. São narrações fantasiosas forjadas de fatos mal observados, acompanhadas por explicações forjadas posteriormente"
O líder, tanto quanto o sonho, é uma criação psíquica que responde a desejos fortemente enraizados na alma humana.
Existiria na multidão um desejo de se submeter a um líder que será considerado o produto tanto de um desejo sexual como de um temor do inominável, que só se tornam patentes quando da falta do líder.
Este [o líder] é visto como uma figura fálica, poderosa, dotada de uma vontade forte e duradoura, capaz de submeter seus comandados e de oprimir e castigar até o extremo aqueles que contra ele ousem se levantar. É dessas características que a multidão espera a satisfação das suas aspirações.
Freud considera que a situação de pânico na multidão é instaurada como efeito do relaxamento da arquitetura libidinal organizada em torno da figura paterna e onipotente do líder.
O pânico constitui a manifestação visível da ruptura dos laços libidinais, o que acarreta a angústia mais desenfreada.
A decadência do ¹ideal do eu coletivo materializado pela figura do líder leva à dissolução dos laços que esta personagem sustentava, por sua própria pessoa, entre os indivíduos do grupo.
Ambos são associados ao desaparecimento da coesão permitida pelos laços libidinais: O PÂNICO EM UMA MULTIDÃO E AQUELE OBSERVADO EM UM INDIVÍDUO
O pânico corresponde à instalação de uma condição de caos e ao DESABAMENTO de uma estrutura libidinal até então sustentada por uma IMAGEM ONIPOTENTE colocada no lugar de Ideal do Eu.
Nas situações de desautorização e de perda súbita dessa referência estabilizadora [IMAGEM ONIPOTENTE COLOCADA NO LUGAR DE IDEAL DO EU], a unidade e a sobrevivência do eu-grupo veem-se repentinamente abaladas e ameaçadas: não há mais garantias externas tranquilizando contra os perigos, organizando as relações amorosas, nem indicando o caminho certo a seguir.
PÂNICO E PERIGO Todo perigo é, antes de tudo, de natureza... PULSIONAL. Qualquer perigo é perigo de esmagamento do eu pela invasão desenfreada de uma quantidade incontrolável de pulsão.
o pânico pode instalar-se a partir da decadência daquilo que garantia imaginariamente a estabilidade do mundo.
O sinal de angústia é constituído pela proximidade do sujeito com o "perigoso" enquanto tal, (ainda que, como propõe Lacan, o "perigoso" coincida com a causa do desejo) enquanto o pânico nasce da constatação insuportável da falta fundamental de garantia no que diz respeito ao mundo simbolicamente organizado, constatação para a qual ele não estava preparado.
FALTA DE GARANTIAS Esta falta de garantias não é contingente ou acidental, mas inerente ao funcionamento psíquico e esta capacidade protetora onipotente atribuída ao pai tem apenas uma consistência imaginária, respondendo ao desejo irrealizável de se dispor de certezas últimas sobre as quais fundar o mundo e, correlativamente, uma imagem estável do eu.
O pânico constitui uma das formas que o aparelho psíquico tem para... enfrentar a condição de desamparo fundamental, inerente ao seu próprio funcionamento, enquanto este é um fato de linguagem, implicando a constituição de um corpo próprio, de uma matriz para as identificações e, consequentemente, de um mundo simbolicamente organizado.
IDEAL DO EU Expressão utilizada por Freud no quadro da sua segunda teoria do aparelho psíquico. Instância da personalidade resultante da convergência do narcisismo (idealização do ego) e das identificações com os pais, com os seus substitutos e com os ideias coletivos. Enquanto instância diferenciada, o ideal do ego constitui um modelo a que o sujeito procura conformar-se.
Sua origem [do Ideal do Eu] é principalmente narcísica: "O que ele [o homem] projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido da sua infância; nesse tempo o seu próprio ideal era ele mesmo".
Este estado de narcisismo - que Freud compara a um verdadeiro delírio de grandeza - é abandonado principalmente em razão da... crítica que os pais exercem em relação à criança. Note-se que essa crítica, interiorizada sob a forma de uma instância psíquica especial [superego], instância de censura e de auto-observação, é, no conjunto do texto, distinta do ideal do ego: ela "... observa incessantemente o ego atual e compara-o com o ideal"
Na visão ferencziana, o que determina a instalação do pânico em um indivíduo? súbita e radical perda de contato consigo mesmo, com aquilo que funda a experiência de existir
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