A historiografia marxista tem, em sua
base, um princípio construtivo, que
reconhece a imobilização dos
acontecimentos e busca uma
oportunidade de extrair da época
passada uma determinada condição
de vida, que preservada e
transcendida, fornece semente para a
superação das condições do presente
– do “agora”, no qual se infiltraram
estilhaços do passado. Essa é a
tentativa que fazemos ao
apresentarmos aqui alguns elementos
da história da Psicologia Escolar no
Brasil.
a compreensão da trajetória histórica da Psicologia Escolar somente
se torna possível pelo estudo a cerca do papel da Psicologia como
ciência e profissão, que surge e se aprimora em um momento histórico
e social de criação e consolidação do capitalismo.
Antes de iniciar com
os apontamentos
históricos que
caracterizam os
passos da Psicologia
Escolar no Brasil, é
preciso entender que
a Psicologia,
desenvolvida e
aplicada em outros
países, em outras
épocas históricas,
serviu de inspiração
às nossas práticas e
conhecimento, mas
pouco respondeu às
demandas sociais
presentes no
cotidiano das escolas
brasileiras.
O cenário brasileiro
Com relação à atuação do
profissional de Psicologia no campo
educativo, é preciso levar em conta
uma multiplicidade de aspectos que
passam por uma análise da
realidade de maneira ampla e
crítica, envolvendo um corpo de
conhecimento não apenas da
Psicologia, mas de outras áreas de
saberes e práticas, como a Filosofia,
a História, a Pedagogia etc.
Mesmo tendo apresentado significativas mudanças nos indicadores
quantitativos, o perfil da educação brasileira durante as duas últimas
décadas mantém-se distante dos patamares de uma sociedade que se
pretenda justa e igualitária. Ainda vivemos com alta taxa de
analfabetismo e com crianças que se matriculam nas escolas, mas não
permanecem ou progridem na escolaridade. Além disso, a atuação de
psicólogos não se consolida como uma política que seja importante
para alterar essa realidade.
O psicólogo nesse cenário – atuação e formação
As expectativas de intervenção do
psicólogo na rede pública vêm
demonstrando que a sociedade ainda
espera do profissional a função de
ajustar os estudantes ao sistema e, ao
responder a esse tipo de demanda, o
psicólogo se compro- mete com a
reprodução das relações instituídas e
funciona como legitimador da
desumanização do homem, quando
seu trabalho reproduz ou mantém a
exclusão
Durante muito tempo, a única prática
do psicólogo conhecida por
educadores foi centrada no modelo
médico de atendimento de crianças
em clínicas de psicologia.
A atuação dos psicólogos escolares
tem defendido a es- cola em sua
função social e política como espaço
marcado por diversas contradições,
mas também como possibilidade de
criação de uma sociedade mais
justa,Por isso, destaca-se sua
importância enquanto local de atuação
para o psicólogo escolar, mas não
restrito a ela.
Ao psicólogo escolar cabe a função de
contribuir, junto com educadores, para a
promoção da aprendizagem e do
desenvolvimento das crianças, a partir de
uma perspectiva mais integral do sujeito do
que vem enfatizando a escola.
Os Fundamentos Teóricos e os
Compromissos Assumidos com a
Produção Científica: Como e Para Quê?
O corpo de conhecimento que a
Psicologia produz é uma fonte importante
na análise da história da relação entre
Psicologia e Educação, porque evidencia
diversos elementos presentes na forma
como o pesquisador fundamenta seus
estudos e compreende a realidade.
O psicólogo não está presente nas escolas
e, por isso, produz um conhecimento que
tangencia os verdadeiros problemas da área.
Os Resultados Dessa
Caminhada: Olhando Para o
Futuro
Parece difícil uma análise das
possibilidades de futuro para a pesquisa
brasileira, em especial a pesquisa na área
da Psicologia Escolar, ou Psicologia no
campo educativo, por- que temos clareza
de que a realidade educacional brasileira
não se modificará pela ação da
Psicologia em seu interior.
Resistir ao consultório particular, ao modelo médico
de compreensão do fracasso escolar, aos
elementos ideológicos presentes no corpo de
conhecimento da Psicologia exigiu alguns
movimentos importantes de disseminação do que
significa entender a realidade brasileira a partir da
inserção e presença no campo, não apenas pela
vidraça da universidade, mas pelas experiências
cotidianas de vida nesses espaços.