44 poemas divididos em 3 partes
(símbolos das 3 etapas da evolução do
Império Português):
1º parte Brasão (simbologia: nascimento)
Divide-se em 5 partes:
Os Campos
O dos Castelos
Neste poema Pessoa personifica a Europa
numa mulher, que se encontra imóvel, apoiada
nos cotovelos. "olhos gregos, lembrando"
remete para a herança cultural da Europa que
Pessoa remonta à Grécia Antiga. O "olhar
esfíngico e fatal", olhar predestinado e
enigmático mostram um Portugal ("O rosto com
que fita é Portugal.") com uma missão a
desempenhar e com visão para o futuro (para o
novo império, o 5º Império).
O das Quinas
Os Castelos
Ulisses
"O mito é o nada que é tudo" o mito não é palpável,
mas é o mito que vai fazer com que o nada passe a
ser, no caso de Ulisses ele não existiu mas foi o
suficiente para fundar Portugal " Este que aqui
aportou,/ Foi por não ser existindo./ Sem existir nos
bastou./ Por não ter vindo foi vindo/ E nos criou." Na
última quintilha surge a ideia de que a vida sem o mito/
sem o sonho não vale nada.
Viriato
O Conde D. Henrique
D. Tareja
D. Afonso Henriques
D. Dinis
Neste poema não é a grandeza das acções
concretizadas por D. Dinis que importam, mas o
alcance do seu significado. Assim, D. Dinis
representa os valores espirituais, simbolizados
pela criação dos Estudos Gerais de Lisboa, pela
sua faceta poética e por ser o semeador do pinhal
de Leiria, que fornecerá a madeira para as
caravelas dos Descobrimentos. É na altura da
produção escrita que, visionariamente, ele já ouve
o sussurro dos pinheiros que mandará plantar em
Leiria, com a madeira dos quais se construirão as
naus dos Descobrimentos. Levado pela
inspiração e pelo sonho, antevê a riqueza, ainda
escondida (sugerida pelo nome “trigo”) e a
grandiosidade da pátria.
D. João o Primeiro e D. Filipa de Lencastre
As Quinas
D. Duarte, Rei de Portugal
D. Fernando, Infante de Portugal
D. Pedro, Regente de Portugal
D. João, Infante de Portugal
D. Sebastião, Rei de Portugal
D. Sebastião afirma-se como louco, mas a
loucura que ele afirma não deve ser vista como
algo depreciativo. Essa “loucura”
deriva da sua ânsia de conseguir “grandeza”,
a qual não depende da “Sorte” (destino), antes
de uma procura incessante e de trabalho
constante. Sem a loucura/ ousadia o homem é
como um animal.
A Coroa
Nun'Álvares Pereira
O Timbre
A cabeça do Grifo: O Infante D. Henrique
Uma asa do Grifo: D.João o Segundo
A outra asa do Grifo: Afonso de Albuquerque
2º parte Mar Português (simbologia: vida)
I. O Infante
"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce." o
poema O Infante começa com uma máxima
intemporal, apresenta uma gradação de
consequências. "Sagrou-te e foste desvendando a
espuma" a predestinação do Infante D. Henrique.
"Quem te sagrou criou-te português" predestinação
do povo português. Nos últimos versos vê-se a ideia
de que Deus incumbiu o Infante e os portugueses
de cumprirem uma missão, missão essa que
consistia, no essencial, em fazer com que o mar
fosse fonte união e não de separação. "Cumpriu-se
o Mar e o Império se desfez./ Senhor falta
cumprir-se Portugal!" Cumpriu-se o sonho do
império marítimo, falta agora cumprir-se o sonho do
quinto império.
II. Horizonte
Na primeira estrofe deste poema o poeta descreve o
encanto dos navegadores ao verem tornar-se real o
que antes era abstracto, terminando com "Splendia
sobre as naus da iniciação." as naus portuguesas
tinham sido impulsionadas pelos ventos do sonho e
da esperança. Na segunda estrofe há uma descrição
gradativa. Na terceira e última estrofe há uma
definição poética de sonho "O sonho é ver as formas
invisíveis" terminando com "Os beijos merecidos da
Verdade." que são a recompensa e o alcançar da
verdade. Este poema apresenta-nos o sonho como
motor da ação dos Descobrimentos, é o sonho que
movido pela esperança e pela vontade desperta no
homem o desejo de conhecer, de procurar a verdade.
III. Padrão
IV. O Mostrengo
V. Epitáfio de Bartolomeu Dias
VI. Os Colombos
VII. Ocidente
VIII. Fernão de Magalhães
IX. Ascensão de Vasco da Gama
X. Mar Português
Os sacrifícios necessários para que os Portugueses
conquistassem o mar traduzem-se na morte de muitos dos
que partiram e no sofrimento dos que ficaram em terra, daí
que o poeta dê realce, através do uso de uma linguagem
emotiva. Outra ideia que ressalta da 1.ª estrofe é a de que o
mar é português, tão alto foi o custo que a sua conquista
implicou "Para que fosses nosso, ó mar!". Esta estrofe
assume um cariz épico, uma vez que nela predomina a
valorização do sofrimento e do espírito de sacrifício dos
Portugueses, capazes de superar provações extremas e de,
desse modo, provar a sua grandeza espiritual. Na segunda
estrofe há um balaço/ justificação dos sacrifícios "Valeu a
pena? Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena/ Quem
quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor./
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, /Mas nele é que
espelhou o céu."
XI. A Última Nau
XII. Prece
3º parte O Encoberto (simbologia:
morte e ressurreição)
divide-se em 3 partes:
Os Símbolos
D. Sebastião
O Quinto Império
Crítica ao conformismo de quem vive
sem sonho e elogio da insatisfação e
descontentamento. O sonho como
característica fundamental de uma vida
plena/autêntica. Ressurgirá das trevas,
da noite do obscurantismo que
caracteriza os dias da escrita do poeta,
um novo dia, uma nova era, que
responderá ao apelo de "loucura" feito por
D. Sebastião, o rei que da morte fez vida,
porque como mito se fixou na memória
colectiva de um povo. Esse império será,
logicamente, o Quinto Império português.
E assim, "...no atro (= escuro) / Da erma
noite..." se fará luz.
O Desejado
As Ilhas Afortunadas
Os Avisos
O Bandarra
António Vieira
"Screvo meu livro à beira-mágoa"
Os Tempos
Noite
Tormenta
Calma
Antemanhã
Nevoeiro
Nevoeiro símbolo de indefinição, do desconhecido, do
prenúncio de algo. "Nem rei nem lei, nem paz nem
guerra,/ Define com perfil e ser/ Este fulgor baço da
terra" estado em que se encontrava Portugal (num
estado de indefinição) "Que é Portugal a entristecer-/
Brilho sem luz e sem arder". Há uma crise de identidade
nacional "Ninguém sabe que coisa quer./ Ninguém
conhece o que a alma tem," "Ó Portugal, hoje és
nevoeiro.../ É a Hora!" O poema termina com um apelo/
uma incitação à mudança.
Contexto da
escrita
Depois de terem sido escritos os Lusíadas o império português entra
em declínio, fomos perdendo território e por consequência riquezas,
no século XIX a situação agrava-se com as invasões francesas,
ficamos sob o domínio dos ingleses e o nosso atraso em relação à
Europa era cada vez maior. O governo monárquico caiu em
descrédito e com o Ultimato Inglês o orgulho nacional sangrava de
humilhação.