Psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial

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Capítulo 2
maycon cesar
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    Psicodiagnóstico Interventivo Marizilda Fleury Donatelli
    Psicodiagnóstico como processo de intervenção Durante muito tempo, o psicodiagnóstico foi entendido como um processo que se desenvolvia a partir de um levantamento de dados do cliente (queixa, história de vida pregressa e atual, funcionamento psíquico etc.), cabendo ao psicólogo analisar esses dados com base na nosologia psicopatológica e dar o encaminhamento possível para o caso. Fischer, nos Estados Unidos, nos anos 1970, e M. Ancona-Lopez, no Brasil, na década de 1980, foram as precursoras na introdução do psicodiagnóstico interventivo, o qual, como indica o próprio nome, rompe com o modelo anterior, fazendo do atendimento um processo ativo e cooperativo. Não se trata apenas de um processo investigativo; ao contrário, o que fundamentalmente o caracteriza é a possibili-dade de intervenção. São assinalamentos, pontuações, clarificações, que permitem ao cliente buscar novos significados para suas experiências, apropriar-se de algo sobre si mesmo e ressignificar suas experiências anteriores. [...] mesmo sendo a criança a precisar de atendimento psicológico, são os pais que arcam com muito dos custos do atendimento infantil; o tempo para levar e buscar a criança, o pagamento das sessões (quando estas são gratuitas, o pagamento das conduções) e os possíveis efeitos transformadores do atendimento infantil na dinâmica da família.    

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    Psicodiagnóstico como prática colaborativa
    Os pais e a criança têm uma participação ativa nesse tipo de diagnóstico; atribui-se grande valor Às informações trazidas pelos pais, à forma de compreensão do problema do filho, às explicações prévias, às fantasias e expectativas construídas antes e no momento da procura do psicólogo. Nessa medida, não há uma relação verticalizada, pois o psicólogo não se põe no lugar de quem "detém o saber"; ao contrário, dialoga com os clientes no sentido de construírem, juntos, possíveis modos de compreensão acerca do que está acontecendo com a criança.

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    Psicodiagnóstico como prática compartilhada
    Entende-se que é no compartilhar de experiências e percepções que pode emergir uma nova compreensão, um novo sentido, que possibilite diminuir ou eliminar o sofrimento psíquico da criança e da família. Essa é uma posição derivada da Psicologia Fenomenológica, na medida em que entende o indivíduo, em seu "estar no mundo", como uma pessoa consciente, capaz de fazer escolhas e de responsabilizar-se por elas, diante de quem se abre um leque de possibilidades. As intervenções do psicólogo, obtidas por meio de suas percepções, se oferecem como possibilidades para ampliar o campo de consciência da pessoa, permitindo novas experimentações. 

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    Psicodiagnóstico como prática de compreensão das vivências
    A identificação da experiência do outro bem como seu significado, é uma tarefa que exige, de alguma maneira, que o psicólogo se reconheça nesse outro. Portanto, é preciso que haja um envolvimento existencial; é preciso mergulhar no mundo do cliente, compartilhar seus códigos, deixar-se enredar por sua trama de sentidos e, ao mesmo tempo, conseguir uma distância suficiente que permita refletir sobre a situação.

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    O psicodiagnóstico interventivo como prática descritiva
    O psicodiagnóstico, conforme concebido tradicionalmente, busca obter um diagnóstico do indivíduo , classificando-o quanto às patologias.  O psicodiagnóstico interventivo evita classificações. Não pretende montar um quadro estático sobre o sujeito. É um modelo descritivo na medida em que faz um recorte na vida da pessoa, em dado momento e em determinado espaço, focalizando seu modo de estar no mundo, com os significados nele implícitos.  

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    Entrevista Inicial
    Para a entrevista inicial convoco somente os pais. Inicio com os cumprimentos e apresentações habituais e deixo-os falar como vieram até mim, por que e o que esperam. Em seguida, converso sobre minha forma de trabalhar, ou seja, compartilho com eles o fato de o psicodiagnóstico ser um processo cujo objetivo é compreender aquilo que ocorre com a criança e com eles, pais, na relação com o filho, dos motivos que levam a criança a apresentar determinados comportamentos, bem como o que é possível fazer para ajudá-la. Explico ainda as visitas domiciliar e escolar que fazem parte do atendimento e que serão realizadas durante seu curso.Combino dia, horário, falo a respeito do sigilo. Certifico-me de que os pais compreenderam minha fala e pergunto-lhes se concordam com o que apresentei. Procuro, por meio de seu discurso, entender as expectativas em relação ao processo. Busco entender os aspectos manifestos e latentes da demanda. No caso de comparecer o casal, tento compreender se ambos têm as mesmas demandas e se atribuem a elas os mesmos significados. Desse modo, vou sendo transportada para outro universo que não é o meu, mas no qual, de algum modo, também me reconheço.  

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    Histórica de vida da criança
    O segundo encontro destina-se à anamnese, que pode ser feita de duas formas. É possível entregar o questionário de anamnese aos pais, que o levam para casa e lá o respondem. Quando retornam ao atendimento, conversam com o profissional sobre suas respostas e sobre como responderam ao questionário: se apenas o pai ou a mãe o fez ou se a família se reuniu em torno dos temas, revivendo sua história, se consultaram outros membros da família em relação às informações etc. Outra forma de encaminhamento da questão é entrevistar os pais ou responsáveis durante o atendimento. Começo a história de vida da criança pelo período em que os pais se conhecem. Converso sobre os planos e os projetos daquela época, sobre namoro, casamento e gravidez. A partir daí, sigo o roteiro clássico de anamnese; entretanto, faço perguntas abertas, às quais os pais respondem livremente. Caso conclua a anamnese em um único encontro, digo aos pais que tragam a criança para o próximo atendimento. Se isso não ocorre, aviso sobre a continuidade da entrevista.

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    Contato inicial com a criança
    Inicio o primeiro contato com a criança apresentando-me: informo que sou psicóloga e pergunto-lhe se ela sabe o que faz um psicólogo, bem como se conhece os motivos pelos quais foi trazida a esse atendimento. Meu propósito é conhecer quais fantasias e temores ela expressa diante do problema e do atendimento propriamente dito.Por outro lado, se a criança responde negativamente à pergunta inicial, explico a ela, genericamente, que um psicólogo conversa com as pessoas para auxiliá-las em suas dificuldades. Comento que as crianças vão ao psicólogo por motivos diversos, como desempenho escolar, relações com mãe, pai, irmãos ou colegas, descontrole de esfíncteres etc. Depois dessas preliminares, combino data e horário, falo sobre o sigilo da relação e aviso que manterei contato com seus pais, mas não lhes falarei a respeito do que ela fez ou contou no consultório, e sim de minhas interpretações e percepções sobre seu comportamento e que tudo isso será também conversado com ela.  A primeira sessão com a criança é uma observação lúdica. Para realizá-la, trabalho com caixa lúdica, cujo conteúdo inclui material gráfico: lápis preto, de cor e de cera, papel sulfite, canetas coloridas, tinta,pincel; bonecos da família; animais, índios e soldados de plásticos.  Apresentado a caixa fechada para a criança, pois me interesso em observar se ela toma a iniciativa de abri-la, se espera por minha ajuda para fazê-lo, enfim, para ver qual sua reação em situação desconhecida. Digo a ela que pode abrir a caixa e que pode brincar da forma como quiser com o que está lá dentro.  Se a criança solicita que eu brinque com ela, eu a atendo, tomando o cuidado de perguntar o que quer que eu faça, que papel devo representar ou quais são as regras do jogo que pretende jogar.      

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    Sessões devolutivas com os pais
    Esses encontros são realizados alternadamente entre criança e pais. Trabalho também os sentimentos dos pais diante da situação, suas angústias e possibilidades de ajuda à criança. Discuto com eles a respeito dos procedimentos que vou utilizar e quais as motivações de minha ação. Dependendo do que percebo, faço orientações que, a meu ver, permitam melhor desenvolvimento da criança.    

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    Encontros com a Criança uso de testes
    Nas sessões com a criança posso usar testes psicológicos, observação lúdica, recursos como colagens, ou ainda intercalar essas e outras estratégias. A escolha do procedimento a ser utilizado é feita caso a caso, dependendo das peculiaridades de cada criança e do decorrer do atendimento, não existindo, portanto, um conjunto padrão de procedimentos definidos anteriormente. Ao usar um teste, minha intenção é conhecer o funcionamento da criança, quais são os mecanismos dos quais se utilizar em sua vida. Valorizo a análise qualitativa dos testes e não tenho a intenção de, a partir deles, categorizar, classificar ou definir patologias no comportamento  do cliente. Pretendo compreender o comportamento da criança no teste, articulando-o com suas experiências de vida. 

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    Visita escolar e vista domiciliar
    Durante o processo de psicodiagnóstico, usualmente faço duas visitas: uma à escola da criança e outra a sua casa. Marco o contato por telefone e, geralmente, deixo a critério da escola a indicação da pessoa com quem devo falar. Na visita, procuro observar as instalações da escola, suas possibilidades, sua conservação. Pergunto ao responsável sobre as condições de ensino, o desempenho escolar da criança e seu relacionamento com colegas e professores.  A visita domiciliar só ocorre se a família concordar. Ela é agendada previamente em horário determinado pela família. Peço que ela, na medida do possível, esteja reunida. Durante a visita interessome por observar a casa, suas condições de cuidado e higiene, os móveis, enfim, a parte física.  

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    Últimas sessões com os pais
    1 Alinhavar as percepções ocorridas durante o processo, ou seja, estabelecer um fio condutor que delineie o que foi trabalhado aos poucos, produzindo uma gestalt. 2 trabalhar o desligamento do processo de psicodiagnóstico, já que nesse trabalho conjunto se estabelece uma forte aliança com os pais e a criança, cujo rompimento produz sentimentos diversos que merecem ser discutidos e trabalhados. 4 Apontar os aspectos importantes que podem permitir aos pais e à criança continuar suas vidas mais fortalecidos. 5 Trabalhar eventuais encaminhamentos ou o desligamento do consultório ou instituição.

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    Relatório Final
    Ao final do processo, faço um relatório escrito, do qual constam as informações dadas pelos clientes, as questões trabalhadas durante o diagnóstico, enfim, tudo o que fez parte do atendimento.  Elabora-se um relatório descritivo do caso, contendo os encaminhamentos decididos em comum, assim como os pontos de discordância entre pais e profissionais e este é lido para os pais e transmitido às crianças, em linguagem acessível, como um modo de fechar o trabalho, já que relata o processo da primeira à última sessão.  

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    Devolutiva final para a criança
    O fechamento do processo para a criança pode assumir diferentes formas. Uma delas consiste em fazer um livro cuja história é a própria história da criança.  Quando monto o livro, faço o texto acompanhado por legendas e gravuras, cujos personagens são representados por animais pelos quais a criança tenha manifestado preferência. O enredo em si contempla a história de vida da criança, seus conflitos e o próprio atendimento psicodiagnóstico. O livro não contém nome do autor tampouco o nome da criança, e é lido e entregue a ela no último atendimento.
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