Tecnologia, trabalho e mudanças
sociais- Sociologia
As tecnologias transformam as sociedades
Os séculos XIX e XX foram marcados pela intensificação de invenções e transformações tecnológicas
que alteraram significativamente o modo de trabalhar, de produzir, de viver. A invenção e a
popularização do telefone, por exemplo, representaram grande avanço nas comunicações. O cinema,
impulsionado pelo aperfeiçoamento do cinematógrafo pelos irmãos Auguste Lumière (1862-1954) e
Louis Lumière (1864-1948) e por outras inovações, tornou-se um dos maiores símbolos do
entretenimento, disseminando gostos, valores e hábitos.
As inovações tecnológicas nos sistemas de transporte permitiram mais rapidez nas viagens e a
interligação dos mercados. As mudanças aceleradas instituíram a renovação constante de técnicas e
tecnologias e revolucionaram as relações sociais, as formas de se comunicar, de se deslocar, de curar
e amenizar a dor, de produzir, de trabalhar, de conhecer e repassar o conhecimento.
o que é tecnologia? Ciên-cia e tecnologia são a mesma coisa? A tecnologia e a ciência não se
confundem, mas se intercambiam: a tecnologia volta-se para a prática, mas depende do conhecimen-to
produzido pela ciência. Por outro lado, a ciência utiliza os produtos da tecnologia para fazer avançar o
saber e a ação do ser humano sobre si e o ambiente. A origem da palavra tecnologia vem da junção do
termo técnica, do grego techné, que consiste em ‘saber fazer’, e de logia, do grego logus, ‘campo de
estudo’.
tecnologia como uma atividade socialmente organizada, baseada em pla-nos e de caráter
essencialmente prático. Compreende, portanto, conjuntos de conhe-cimentos e
informações utilizados na produção de bens e serviços, provenientes de fontes diversas,
como descobertas científicas e invenções, obtida por meio de diversos métodos, a partir de
objetivos definidos e com finalidades práticas.
a tecnologia é o conhecimento que faz aplicação prática da ciência. Embora a ciência já fizesse parte do
cotidiano da humanidade, foi principalmente a partir do século XX que observamos o fenômeno da
utilização da ciência de modo instrumental, conforme analisou o filósofo Jürgen Habermas (estudado
em mais detalhes no Capítulo 12). Nos últimos dois séculos, o capitalismo utilizou a ciência para
alavancar os diversos setores da economia. O fato de o poder estabelecido se valer do conhecimento
científico para interferir na vida em sociedade é uma das explicações para o rápido avanço das
tecnologias em todas as dimensões e campos.
ão essas mudanças nas dimensões do trabalho, das inovações tecnológicas e do sistema de produção
capitalista que estudaremos neste capítulo.
É “como” uma determinada sociedade organiza a si mesma, a sua economia e as suas relações de
trabalho que configura o seu desenvolvimento no conjunto do sistema capitalista.
Organização do trabalho no século XX
As crises econômicas, que de tempos em tempos atingem a sociedade capita-lista em razão da
insuficiência do sistema em dar respostas ao processo de acumu-lação, fazem com que empresários,
gestores e administradores promovam altera-ções nas formas de produzir e de controlar o trabalho.
O fordismo se consolidou como um sistema de produção no contexto da crise de 1929 e da Grande
Depressão dos anos 1930, quando o governo norte- -americano passou a adotar práticas keynesianas,
isto é, a intervir na economia
O fordismo consiste em um sistema de produção em massa cuja palavra- -chave é padronização (tanto
das tarefas quanto do produto). Esse sistema, quearticula inovações técnicas e organizacionais visando
a otimização da produção eo consumo em massa, foi empregado pelo industrial Henry Ford (1863-1947)
em sua fábrica de automóveis, sediada em Detroit (Estados Unidos), nas primeiras décadas do século
XX. Por meio da criação de linhas de montagem, nas quais os operáriosficavam parados enquanto as
peças se movimentavam em esteiras rolantes, cada trabalhador executava apenas uma etapa do
processo de trabalho.Para aumentar a produtividade, o fordismo associou-se ao taylorismo, modo
extremamente racional de uso do tempo e de movimentos do trabalhador no chão da fábrica.
Os trabalhadores são treinados para a alta produtividade mediante o uso eficiente do tempo, a divisão
de atividades, a separação entre concepção e execução das tarefas e a economia de movimentos
exercidos em cada função.
ara adaptarem-se às oscilações do merca-do, as empresas implantaram um conjunto de inovações
tecnológicas (deriva-das da informática e da robótica) e organizacionais, que alteraram a maneira de
gerir o trabalho. Mais uma vez, soluções produtivas surgiram como respos-ta a uma crise capitalista, a
chamada “crise do petróleo”.
Nesse modelo de produção, denomi-nado toyotismo (ou modelo japonês), a produção é comandada pela
demanda do mercado e não trabalha com grandes estoques deinsumos e de mercadorias. A introdução
de mais máquinas, equipamentos, programas, processos e novas formas de administrar os empregados
levou à diminuição geral dos custos, a um maior controle sobre os trabalhadores e à redução de mão de
obra utiliza-da. A esse modo de produzir, altamente flexível e com economia de recursos,
convencionou-se chamar produção enxuta.
mão de obra é multifuncional,
A Terceira Revolução Industrial (ou Revolução Tecnológica), ocorrida a partir dos anos 1970, automatizou
o trabalho, introduziu a informática e a robótica, desenvolvendo a capacidade de acumular, armazenar,
processar e distribuir informações.
Essa reorganização da produção, baseada na inovação de equipamentos, na flexibilidade de tempo e de
mão de obra, na redução do custo e no controle da qualidade, é denominada reestruturação produtiva.
O maior controle do trabalho contribui para a acu-mulação do capital, e ele acontece também fora do
local de trabalho, estimulando a familiarização do trabalhador com os objetivos da empresa e
convencendo-o a participar e a cooperar com o processo produtivo, estratégias típicas das novas formas
de gestão do trabalho.
Presente na indústria e nos serviços, a produção flexível acontece por enco-menda, utiliza técnicas que
produzem mais em menos tempo e com menor número de trabalhadores.