Ciclo I - Texto base- A educação e Educação Profissionalizante

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Formação Sindicato e Cidadania Note on Ciclo I - Texto base- A educação e Educação Profissionalizante, created by Célia Cappucci on 04/08/2016.
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Texto base- A educação e Educação Profissionalizante

TEXTO 1 – FORMAÇÃO PROFISSIONALIZANTE / ESCOLA DO SINDICATO Formação profissionalizante Uma nova referência na educação profissionalizante: da disciplina à cidadania A proposta de construir uma escola de trabalhadores pelo sindicato, não é uma novidade, ela é uma ideia que tem na sua origem a construção de um operário qualificado, de forma que ele possa compreender não apenas o que acontece na fábrica, mas também as influências e impactos dessa experiência em sua vida dentro e fora dela. Na posse da diretoria do sindicato dos metalúrgicos do ABC em 1975, o então presidente Luís Inácio(LULA), da Silva, diz em seu discurso de posse: “Assim daremos especial atenção a tudo que diga respeito à instrução e capacitação. Será portanto prioritária em nossa gestão a conscientização da classe através de um amplo e coordenado trabalho de base, para qual serão destacado diretores para essa finalidade”. E apesar das diversas experiências formativas ao longo da história do sindicato terem, de fato, concretizado a prioridade da capacitação dos trabalhadores ao longo das diversas gestões, foi apenas no seu 8º Congresso da categoria, que o tão sonhado projeto da construção de uma Escola de educação livre para os trabalhadores e para a sociedade de modo geral se concretiza e finalmente sai do papel. A resolução do 8º congresso define: “Considerando nossa concepção de educação integral e libertadora, voltada para a ação transformadora na fábrica e na sociedade, o Sindicato deverá promover a formação dos dirigentes com foco nas demandas geradas pelos desafios concretos enfrentados na fábrica em estreita relação com a ação sindical dos CSEs ( Comitês Sindicais de Empresa) e das Comissões de Cidadania, partilhando os princípios e conhecimentos indispensáveis à prática militante.” A história do Sindicato e suas experiências em formação profissional revelam um processo de contínua transformação dentro de referências éticos- políticos presentes nos princípios e diretrizes da entidade sindical. Esses princípios levam a opção de abarcar diversas demandas da sociedade, incluindo os processos de transformação no mundo do trabalho e da educação profissional pretendendo diminuir as desigualdades sociais no Brasil. Com esse objetivo o Sindicato busca, com a Escola Livre para Formação Integral, uma prática educativa para formação profissional integrada e para o aprofundamento de um projeto de formação humana dos trabalhadores metalúrgicos do ABC. Essa experiência pode ser lida como uma referência estratégia de ruptura da formação profissionalizante orientada pelo empresariado através do sistema S. Partindo-se do pressuposto de que no sistema capitalista, o trabalho assalariado exige dos trabalhadores uma adaptação para além das aprendizagens nas funções, mas também à disciplina frente aos processos ritmados pelas máquinas, a formação dos trabalhadores ao longo de sua história tem abordado as duas dimensões: “A Educação Profissional ontem e hoje - Trabalho, profissão e escolarização: revisitando conceitos – pág 42 - 43 “ “O trabalho fabril apoia-se na divisão manufatureira, que possibilita o desmembramento da produção em tarefas simples e a substituição do homem pela máquina. Além disso, a maquinaria estabelece um ritmo mecânico ao qual o trabalhador, como seu apêndice, tem de se subordinar, e incorpora em seu mecanismo uma regulação do tempo e da intensidade que, caso não existisse, exigiria elevados custos de supervisão (Engita, 1989, p.17). Passa-se de um processo orientado pelo caráter qualitativo das tarefas para um processo orientado pelo caráter qualitativo das tarefas para um processo encaminhado exclusivamente para a economia de tempo. Na terminologia de Thompson (1967, p.21), verifica-se a passagem do task-oriented ao time-oriented labour , da orientação finalista à orientação temporal do processo de trabalho.” Manfredi, ( ) Ainda no trabalho desenvolvido por Enguita (1989) rodapé (Mandredi) o trabalho assalariado assumiria as seguintes características: a) separação entre o trabalho manual e intelectual, havendo uma cisão entre concepção e execução, é imanente ao processo de trabalho capitalista, pois constitui um aspecto do monopólio que o capital tem sobre o conhecimento (acúmulos gerados pela ciência e tecnologia) e o poder de projetar sistemas de produção. Só por meio da posse e da reprodução desse monopólio pode o capital impor seus objetivos; b) o controle hierárquico e a disciplina são essenciais para que o capital possa alocar tarefas, impor velocidades e intensificações, punir a má qualidade e assim por diante, pois, afinal de contas, é ele que dá as regras no interior do processo de trabalho. É o capital que aloca tarefas, que especifica esquemas de pagamento e normas e que impõe penalidades para o caso de falhas. Dizer isso não significa contudo que as formas de controle hierárquico não possam ser modificadas e/ou transmutadas; a maioria dos trabalhadores não controla hoje a duração nem a intensidade de seu trabalho. O trabalhador assalariado deve submeter-se aos ritmos impostos pela maquinaria , aos fluxos planificados de produção e às normas de rendimento estabelecidas pela direção. O trabalhador por conta própria controla-as apenas de forma limitada, pois o movimento dos preços força-o a não distanciar–se demasiadamente do calendário, do horário e do ritmo imposto por aqueles que têm menos escrúpulos em explorar a si mesmo. Ele pode teoricamente estabelecer seu próprio equilíbrio entre o trabalho e consumo, mas o primeiro vê-se estimulado pela concorrência e o segundo pelas normas sociais e culturais, aproximando todos dos padrões aceitos (Enguita, p.9-10) apud Manfredi ( ) c) fragmentação/desqualificação – a desqualificação é inerente ao processo de trabalho capitalista porque o capital deve visar ter funções de trabalho que sejam rotinas calculáveis, padrozizáveis, porque este trabalho deve ser executado à velocidade máxima e com o mínimo de “porosidade” e porque o capital quer força de trabalho que seja barata e facilmente substituível. Assim, passa-se de um processo de trabalho variado, composto de múltiplas tarefas distintas e cuja alternância é fonte de variedade, à realização reiterada, monótona e rotineira de um reduzido número de tarefas simples. Em suma, de um tipo de trabalho que se poderia considerar como um espaço e um tempo de realização pessoal a outro que somente pode ser aceito como um mal necessário, inevitável ou simplesmente imposto (...) ao encarregar-se de parte das tarefas, simplifica o encargo do trabalhador ou o que dá suporte ao mesmo, desqualifica seu posto de trabalho. Esta desqualificação procede também da substituição da mão-de-obra nas tarefas requerem maior precisão e, em geral, eliminação prática de qualquer possibilidade de decisão no processo produtivo (..) Os trabalhadores assalariados, que compõem a maior parte da população chamada economicamente ativa, veem-se inseridos em organizações produtivas com uma divisão do trabalho mais ou menos desenvolvida para cuja conformação não se contou nem se contará com eles. Os processos de trabalho são organizados pelos escritórios de métodos e tempos ou, simplesmente, a critério dos patrões e dos quadros intermediários (Enguita, 1989, p.17 e 20). Alguns estudiosos destacam que no Brasil, os aprendizados passados entre gerações de trabalhadores se deram através da experiência compartilhada. Mas acentuam-se ao longo do processo histórico, a partir do início do séc passado, com o advento da escravidão, a dicotomia entre os trabalhos manuais e os trabalhos intelectuais. Formando uma espécie de fosso entre os saberes menos importantes e associados aos escravos e os saberes sofisticados que seriam reservados aos integrantes da classe dominante. “Segundo Blass (2000), a cultura do trabalho compreende múltiplas faces, em que confluem e se sobrepõem tradições, hábitos, valores culturais herdados e experiências históricas das quais fazem parte as lutas sociais dos trabalhadores, resignificadas nos diferentes contextos históricos específicos de trabalho. Aquelas tradições, hábitos, valores e experiências, por sua vez, misturam-se interagem, conflitam com a cultura no trabalho, a qual resulta, segundo Agier e Guimarães (1995), da confluência das culturas de empresa, retratadas nos requisitos tecnológicos e gerenciais com valores, regras de comportamento, ideias e símbolos segundo a ótica do capital.” (apud Manfredi pág 53 )Trabalho profissão e escolarização: revisitando conceitos – A educação profissional ontem e hoje Ainda nos dias atuais percebem-se nas práticas cotidianas, que estes ensinamentos informais permeiam as relações entre os trabalhadores. Entre aquilo que se aprende nas escolas, e a realidade no trabalho em geral, existe uma distância considerável. Esta distância em geral é preenchida pelos conhecimentos informais que circulam entre os trabalhadores. Neste sentido, os processos de socialização são promotores em potencial de determinadas culturas na sociedade. Em geral tais aprendizados que se dão nos diversos espaços sociais como na família, igreja, sindicato, são marcados pelo recorte de classe. “Assim, entre as diversas concepções, há desde as que consideram a Educação Profissional numa perspectiva compensatória e assistencialista, como uma forma de educação para os pobres” Com a preocupação de romper com esta dicotomia e capacitar os membros de sua diretoria, assim como os trabalhadores em sua base,e levá-los a uma compreensão mais crítica sobre a realidade no mundo do trabalho, o Sindicato desenvolve, especialmente a partir de seu II Congresso, uma estratégia de formação bastante complexa. Nasce uma plataforma educacional que procurará subsidiar uma nova estrutura sindical: os Comitês Sindicais de Empresa que representarão uma diretoria ampliada, em cujos membros seriam diretores com atuação nas fábricas que formam eleitos, ampliando o número de membros democratizando, desta forma, a atuação política e estrutura organizativa do Sindicato. (Silvia Gaban) Revista “Está nascendo um novo sindicalismo - O sindicato no chão da fábrica” Capacitação dos Comitês Sindicais de Empresa (p10) “Seguindo a linha do trabalho realizado na preparação do II congresso dos Metalúrgicos do ABC, quando desenvolveu um programa sistemático de debate com a categoria sobre a reforma do seu estatuto, o Sindicato está promovendo, no primeiro semestre de 1999, um programa especial de formação sobre sua nova estrutura organizativa. O programa tem como público militantes e candidatos a membros dos Comitês sindicais de Empresa. Coordenado pelo Departamento de Formação, o programa tem sido desenvolvido com ampla participação de dirigentes, militantes e assessores vinculados a outros departamentos do Sindicato. Procura-se com esta iniciativa, de um lado, capacitar futuros membros dos CSES para o exercício da representação sindical no local de trabalho e, de outro, prepara-los para assumirem efetivamente a direção plena do sindicato”. Revista”O sindicato no chão da fábrica” Capacitação dos Comitês Sindicais de Empresa – SMABC (p10) A capacitação dos dirigentes e militantes assume, a partir de então, um caráter absolutamente estratégico, pois a transmissão da cultura sindical, e a efetivação do projeto sindical do SMABC, cuja concepção e tradição se pauta pelo “Novo Sindicalismo” * (Iram Jacome - acrescentar) exigirá cada vez mais, a sistematização dos conhecimentos e experiências acumuladas ao longo da trajetória desta instituição. Este conhecimento sistematizado deveria chegar a um número muito maior de membros, devido à nova configuração politico-organizativa. “Um dos elementos centrais desse processo é a constituição dos Comitês Sindicais de empresa, através dos quais o sindicato passa a ter uma representação orgânica no interior das empresas. O que há, de fato, de tão inovador nesta iniciativa? Trata-se apenas de uma nova forma decompor a direção do sindicato? Em que medida o CSE rompe com a estrutura corporativa que ainda vigora no país ? }que avanços o Sindicato faz, através do CSE, na luta mais geral pela conquista da autonomia e liberdade de organização? Que princípios e valores levaram o sindicato dos Metalúrgicos do ABC a optar por este caminho? O que há de novo na concepção e na prática do sindicato?” Assim sendo, os valores e princípios do “Novo Sindicalismo”, antes transmitidos entre as relações geracionais pela simples convivência nas fábricas e participação na luta, passa a exigir espaços de reflexão sistemática. Em parte pelos novos desafios e complexidades suscitados pelas novas conjunturas, mas também pelas necessidades surgidas com a ampliação de membros da diretoria e sua ligação orgânica com a instituição. Como o próprio caderno (escrito em 1999) sugere, os cursos e atividades formativas devem estimular e procurar construir coletivamente respostas para as seguintes questões: “Do ponto de vista subjetivo, que valores e princípios devem orientar a prática dos militantes e dos futuros membros do CSEs? Qual é o perfil ideal desse dirigente? Que princípios políticos e que valores éticos devem orientar sua conduta? Que processos explicam a distância entre o ideal desejado e a prática concreta que envolve as relações entre dirigentes, militantes e trabalhadores no seu dia-a-dia? O que pode ser feito para diminuir a distância entre a prática do militante e do dirigente do projeto utópico construído coletivamente?” E desenvolvem ainda os seguintes princípios orientadores como norte para os trabalhos a serem desenvolvidos nesta área, e como guia de atuação: “Os princípios que orientam a concepção sindical defendida pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Para o sindicato dos Metalúrgicos do ABC os valores e princípios que sempre basearam a sua concepção sindical são: a) A defesa intransigente dos interesses da classe trabalhadora; b) A mobilização e organização permanente dos trabalhadores em torno de suas reivindicações e na defesa de seus interesses; c) A defesa intransigente da participação democrática dos trabalhadores nas decisões e na vida cotidiana do sindicato; d) A defesa do direito dos trabalhadores de livremente poderem criar seus sindicatos; e) O direito a livre sindicalização e contribuições aos sindicatos f) A organização dos trabalhadores nos locais de trabalho; g) A defesa da autonomia da entidade sindical e das suas decisões frente aos partidos políticos, ao governo, aos credos religiosos e ao patronato; h) A defesa da pluralidade ideológica e de manifestações políticas; i) A defesa da unidade de ação dos trabalhadores j) A busca de soluções nas negociações coletivas para a conquista das reivindicações dos trabalhadores e a superação de conflitos k) A prática da solidariedade entre os trabalhadores; l) A defesa da sociedade democrática” (pág 13) Todo o arcabouço teórico desenvolvido para refletir sobre a prática sindical contestará a legislação corporativista como limitadora de uma atuação combatente. Para os metalúrgicos, ficar limitado a tais normas, significa respeitar as barreiras criadas pela classe dominante para a fragmentação da classe trabalhadora e enfraquecimento de sua organização e luta política. Desde a década de 80 do século passado, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, priorizaria a formação como espaços de socialização, de troca de experiências, mas para além disso, para pensar estratégias políticas. “Em 1985, o projeto de formação — fruto de discussões e avaliações da diretoria —procurava dar conta de novas relações formativas. Ou seja, o projeto começaria a enfatizar três características básicas: o acento no político (CUT, movimentos de bairro, militância partidária, pastoral popular etc.), a forma-ção de quadros e a formação de formadores (capacitar militantes do próprio movimento sindical).31 As atividades de “educação” e/ou formação sindical são mais do que espaços para “troca de experiências”; são também espaços para se elaborar em conjunto uma nova forma de pensar (organizar ideias, criar novos conceitos, analisar conhecimentos já teorizados, etc.) e uma nova forma de planejar a ação sindical. Para as lideranças do “novo sindicalismo” ficava claro o valor estratégico da formação sindical (capacitação da base e principalmente dos militantes), e também que a formação profissional cumpriria o papel de qualificar a mão-de-obra.” Kátia Rodrigues (p 15 )[1] Estas orientações estratégicas no campo da educação sindical, não restringem-se aos programas formativos para dirigentes e militantes. Subsidiaram, ao longo dos anos, todas as atividades desenvolvidas no diálogo com a base. A Escola do Sindicato representará, portanto, um canal importantíssimo para proliferar, fomentar, implementar políticas. Neste sentido, os processos formativos na Escola permearão áreas de conhecimento técnico-científico, mas também histórico-sociológicos. “o movimento sindical convence-se pouco a pouco de que, para permitir aos militantes que cumpram as suas tarefas, não basta ensinar-lhes economia política, direito, contabilidade — mas que é necessário integrar na formação que lhes é dada outras dimensões da cultura, as quais, de qualquer modo, invadem a vida do trabalhador; o sindicalismo, se não quiser ficar separado das massas, tem de se preocupar com isto”. Marcel David, op. cit., p. 304 [1] Outras palavras: educação sindical em São Bernardo nos anos 70/90* Kátia Rodrigues Paranhos* *

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