ETNOCENTRISMO - A palavra etnocentrismo significa a
tendência a reconhecer e valorizar apenas a própria cultura. É
estabelecer um lugar privilegiado para uma única cultura e
negar valores, hábitos e expressões culturais de outros grupos.
Do ponto de vista antropológico, o comportamento
etnocêntrico não é uma anomalia, mas algo esperado. A
“inversão” do mapa simboliza a ideia de que a América do Sul
deveria sair da sua atual posição que, na visão do artista, é de
dependência cultural e aceitação acrítica dos valores emanados
dos países ricos do Norte. Ele propõe que os países sul-ameri-
canos retomem as relações entre os povos locais e valorizem a
complexidade de suas construções simbólicas para redescobrir
sua própria identidade.
No campo da Antropologia, foi Franz Boas (1818-1942) quem
iniciou uma mudança de perspectiva sobre as diferenças cultu-
rais. Sua proposta é conhecida como relativismo cultural.
O relativismo cultural é a capacidade de observar a diversidade
de culturas sem se basear na imposição de normas e valores de
uma cultura específica. Portanto, é o contrário do
etnocentrismo. Ele é um modo de agir e pensar baseado na
necessidade de analisar cada prática cultural respeitando os
critérios compartilhados pelo grupo social em que ela acontece.
Sabemos atualmente que a necessidade de recuperação
ambiental é extremamente urgente. Nesse sentido, as
sociedades tribais podem ser consideradas mais avançadas,
pois conseguiram perdurar ao longo de vários milênios
mantendo uma relação mais equilibrada com o ambiente.
O relativismo cultural rompe definitivamente com as hie-
rarquias etnocêntricas, baseadas em preconceitos e em visões
estereotipadas sobre o outro e que geram ideias como a de que
existe um horizonte de evolução comum a todas as culturas.
Para abrigar essas culturas deslocadas, é preciso um olhar
multifocal, ou seja, é preciso aceitar e defender a liberdade de
escolha de cada indivíduo na afirmação de sua identidade
confor- me suas diferentes origens culturais. Esse modo de
pensamento e de ação é chamado multiculturalismo, um
conceito que será detalhado no próximo tópico.
A artista Carol Rossetti fez uma série de obras que trabalham
com essa temática e nos ajudam a visualizar o que é o multi-
culturalismo. Suas obras abordam o fato de que a presença de
mulheres de diferentes origens culturais no mundo globaliza- do
causa estranhamento por parte da sociedade, que questiona
seus costumes diferenciados. A autora das ilustrações mostrou
que a visão estereotipada sobre hábitos culturais de mulheres
de outros povos desrespeita as escolhas individuais. O objetivo
da artista era demonstrar que há uma liberdade individual em
cada mulher, e que, independentemente dos valores e costumes
de suas culturas, elas podem escolher a forma como querem se
vestir e cuidar dos seus corpos.
MULTICULTURALISMO - O multiculturalismo é a negação da
existência de uma cultura superior ou de um padrão cultural a
servir de modelo uni- versal. Não existem valores universais para
definir as culturas. A perspectiva apresentada pelo
multiculturalismo lida com a convivência de inúmeras culturas em
um mesmo território. Essa condição implica a existência de fatores
como tolerância e conflito.
A globalização econômica e as mais recentes tecnologias de
comunicação aproximaram as culturas de uma forma profunda e
quase onipresente. O contato entre culturas adquiriu
desdobramentos novos. Um deles é a disseminação global de
valores relacionados ao consumismo, propagados como único
modelo de desenvolvimento. Esse fenômeno alimenta a padro-
nização das culturas e o consumo passivo de bens e de ideias, o
que leva à massificação.
É uma maneira de promover a integração e a superação de precon-
ceitos por meio do reconhecimento das diferenças e da luta por
justiça social.