CONSTIPAÇÃO INTESTINAL

CLASSIFICAÇÃO
1. Aguda
  1. durante ou após mudanças alimentares ou comportamentais
  2. maioria resolve espontaneamente ou com a correção da causa
  3. pode necessitar laxativos para evitar evolução crônica
2. Crônica
  1. Orgânica (10%)
    1. intestinal ex: Doença de Hirschsprung
    2. Extra- intestinal: doenças endócrinas, metabólicas ou neuromusculares; medicamentos
    3. Suspeitar: febre, distensão abdominal, náusea, vômitos, anorexia, perda peso, hipodesenvolvimento pôndero-estatural, dismorfismos
  2. Funcional (90%): sem alterações orgânicas ou estruturais
    1. Círculo vicioso: criança evita evacuação por medo de dor > fezes endurecidas ou calibrosas > mais dor ao evacuar
    2. Fatores de Risco
      1. HF, retenção,fissura anal,posição anteriorizada do ânus, uso de supositórios,estimulaçao retal com o dedo, treinamento inadequado do esfíncter anal, abuso sexual, problemas psicológicos, baixa atividade física, vida agitada, constrangimento em usar banheiros públicos
      2. Dieta: falta de fibras, aleitamento artificial, hidratação deficiente
    3. critérios de Roma III
EPIDEMIOLOGIA
1. Prevalência no Brasil em crianças: 14,7 a 38,4%
2. Pico de 2 a 4 anos
3. 3% das consultas pediátricas
4. + em meninos, mas a partir da adolescência+ em meninas
DIAGNÓSTICO
1. Anamnese
  1. Manifestações clínicas
    1. Fezes calibrosas ou fragmentadas, dor ou desconforto abdominal,obstipação,incontinência fecal, dor ou esforço para evacuar, sangramento retal,flatulência, náuseas e vômitos
    2. Postura de retenção em lactentes e pré escolares
  2. fatores de risco
  3. Condições associadas: infecções urinárias
2. Exame físico
  1. fecaloma? distensão abdominal? escape fecal? fissura ou escoriações anais?
  2. toque retal
  3. exame neurológico para excluir disfunção neurológica
  4. medir índice anogenital de suspeitar de implantação anterior do ânus
3. exames complementares (suspeita de causa orgânica, constipação oculta ou de difícil controle)
  1. *RX abdome *Rx coluna lombossacral *Manometria Anorretal *Enema Opaco *Biópsia Retal *Estudo do trânsito intestinal *Cintilogragia
TRATAMENTO
1. Abordar de forma individualizada, considerando-se a faixa etária, o mecanismo fisiopatológico envolvido e o diagnósticco
2. *Orientar a família e o paciente sobre o diagnóstico e o plano do tratamento; *orientar o treinamento esfincteriano coercivo; *para crianças menores, orienta-se que o treinamento não deve ser reiniciado até que os episódios de evacuação dolorosa tenham cessado
3. primeira fase: DESEMPACTAÇÃO FECAL *fecaloma ao exame do abdome, ao toque retal ou radiografia.
  1. Via Oral: 0,5 a 1,5/Kg de polietilenoglicol, sem adição de eletrólitos por 3 a 5 dias (deve ser preferida por ser menos invasiva e pela dificuldade no manuseio de crianças)
  2. Via Fecal: lavagem intestinal 10 a 20mL/Kg de soro fisiológico glicerinado a 12%, 1 ou 2 vezes ao dia até desaparecer a massa.
4. Casos leves devem receber orientação alimentar baseada na correção de erros alimentares, aumento da oferta de líquidos e fibra alimentar. Deve ser assegurado livre acesso ao banheiro e condições para apoiar os pés durante a defecação. É importante também que a criança permaneça por cerca de 10 minutos no vaso após uma refeição, na tentativa de aproveitar o reflexo gastro-cólico como estímulo para a evacuação.
5. Casos graves: uso de laxante
  1. Formadores de bolo fecal: o aumento do bolo fecal aumenta o peristaltismo intestinal.
    1. Fibras insolúveis (mais eficazes) e solúveis *quantidade diária: idade da criança + 5g
  2. Lubrificantes: lubrificam e amolecem as fezes, mas não interferem no peristaltismo intestinal
    1. óleo mineral, óleos vegetais (oliva, algodão e milho), Vaselina *contraindicação: menores de 2 anos ou com distúrbios de deglutilção *1 a 3mL/Kg/dia
  3. Osmóticos: aumento da quantidade de água na luz intestinal, com aumento do peristaltismo
    1. Sulfato de magnésia, Sulfato de sódio, Lactulose, Manitol, Sorbitol
  4. Estimulantes do peristaltismo intestinal: aumento do peristaltismo por contato direto com a mucosa colônica
    1. Derivados antraquinônicos, Óleo de ricino, derivados de difenilmetano
    2. Não é recomendável o emprego prolongado porque esses produtos provocam cólicas abdominais em parcela considerável dos pacientes
PROGNÓSTICO *poucos estudos sobre prognóstico e fatores preditivos *preditor da síndrome do cólon irritável no adulto
PREVENÇÃO

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