Método suscetível de ser aplicado a diversos
problemas etnológicos. Não se deve confundir
estrutura social com relações sociais, pois na
verdade é a existência das relações sociais que
permite a construção dos modelos explicativos
em que se manifestam as estruturas da
sociedade.
CARACTERÍSTICAS
(LÉVI-STRAUSS, 2008, p.
301 - 302)
1.Caráter de Sistema: a modificação de um de
seus elementos afeta todos os outros.
2. Caráter Grupal: um modelo deve corresponder a
um grupo de transformações na sociedade, o que
quer dizer que não existe apenas uma estrutura
social, mas sim um grupo de estruturas.
3. Caráter de Previsibilidade: as propriedades de
uma estrutura devem permitir que se tenha uma
idéia de como ele reagirá caso se modifique algum
de seus elementos
4. Caráter Totalizante: um modelo explicativo
da sociedade deve ser construído de modo que
possa dar conta da explicação de todos os fatos
que possam ser observados nesta sociedade
num dado momento e numa determinada
conjuntura
MATÉRIA PRIMA
O princípio fundamental é que a noção de
estrutura social não remete à realidade
empírica, e sim aos modelos construídos a
partir dela. As relações sociais são a
matéria-prima empregada para a construção de
modelos de estrutura social
MÉTODO E ENSINO
1. OBSERVAÇÃO E
EXPERIMENTAÇÃO
(LÉVI-STRAUSS, 2008, p. 302 -
303)
Para a elaboração de uma
estrutura social, há de sempre
distinguir esses dois níveis. A
observação dos fatos jamais deve
ser confundida com a
experimentação por intermédio
dos próprios modelos.
OBSERVAÇÃO
Neste nível, preocupa-se apenas em
observar e descrever os fatos e
também a relação deles com o
conjunto. Não se deve permitir que
pressupostos teóricos alterassem sua
natureza e importância, assim,
deve-se utilizar a neutralidade.
EXPERIMENTAÇÃO
É realizada através conjunto de
procedimentos capazes de permitir
saber como um dado modelo reage
a modificações, ou comparar uns
aos outros modelos de mesmo tipo
ou de tipos diferentes.
2. CONSCIENTE E INCONSCIENTE
(LÉVI-STRAUSS, 2008, p. 304 -
305)
CONSCIENTE
Os modelos conscientes, geralmente
chamados de “normas”, estão entre os mais
pobres de todos, em razão de sua função,
que é perpetuar crenças e costumes, em
vez de expor os mecanismos destes. Nesse
caso, o etnólogo utiliza um modelo já
existente criado pela cultura, o que não a
torna uma estrutura, mas um bom caminho
para chegar até ela, apesar do risco da
tendenciosidade.
INCONSCIENTE
Os modelos inconscientes são na
verdade fenômenos que a sociedade
não interpreta de forma
conscientemente. Assim o etnólogo
deverá construir um modelo para
explicar tais fenômenos.
3. ESTRUTURA E MEDIDA
(LÉVI-STRAUSS, 2008, p. 306)
Muitas vezes se pensou que
com a noção de estrutura
era possível introduzir a
medida na etnologia, porém
não existe nenhuma conexão
necessária entre a noção de
medida e a de estrutura.
4. MODELOS MECÂNICOS E MODELO
ESTATÍSTICOS (LÉVI-STRAUSS, 2008, p.
306-307)
Um modelo cujos elementos
constitutivos estejam na escala dos
fenômenos será chamado de “modelo
mecânico”, e “modelo estatístico”
será aquele cujos elementos estão
numa escala diferente.
MODELO
ESTATÍSTICO
Estes modelos dependem de
fatores mais gerais que vão desde o
tamanho do grupo até fluidez social
e quantidade de informação. Para se
definir um modelo no caso do nosso
sistema matrimonial atual, seria
preciso determinar constantes,
médias e limiares
MODELO
MECÂNICO
Usando como exemplo as leis do
casamento da sociedade primitiva, o
modelo mecânico seria a
representação dessas leis em forma
que figuram os indivíduos em classes
de parentescos ou em clãs.
Há casos em que os dois modelos
coexistem, a depender do modo como
são agrupados uns aos outros ou a
outros fenômenos. Utilizando
novamente o exemplo do casamento, a
união registrada de primos cruzados
utiliza de ambos modelos. Torna-se
necessário para o etnólogo fazer um
recorte do fenômeno para que ele possa
ser usado na visão escolhida tendo em
vista que um fenômeno pode ser
abordado dos dois pontos de vista.
Autor: Claude Lévi-Strauss
Livro: Antropologia estrutural