Teoria dos Tipos Psicológicos - Carl Gustav Jung

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Texto Base: http://www.jung-rj.com.br/artigos/tipos_psicologicos.htm
Katarina Freitas
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Tipos Psicológicos - Jung

“Tipo é um aspecto unilateral do desenvolvimento.” Jung (1971a: 477)

“Durante meio século dedicou-se com grande energia e originalidade de propósito a analisar os processos profundos da personalidade humana. A originalidade e a audácia do pensamento de Jung tem poucos paralelos na historia da ciência atual, nenhum outro homem, pondo de lado Freud, abriu maiores perspectivas naquilo que Jung chamou ’a alma do homem’.” Hall & Lindzey (1973: 131)

“Tipo é uma disposição geral que se observa nos indivíduos, caracterizando-os quanto a interesses, referências e habilidades. Por disposição deve-se entender o estado da psique preparada para agir ou reagir numa determinada situação.” Jung (1967: 551). 

Jung aponta dois tipos de disposições/atitudes das pessoas quanto a forma de se relacionar com o mundo: extroversão (prefere focar sua atenção no mundo externo de fatos e pessoas) e introversão (o foco da atenção no mundo interno de representações e impressões psíquicas).Essas disposições são uma preferência natural do indivíduo como, por exemplo, ser canhoto ou destro.A distinção que Jung faz entre introvertidos e extrovertidos reside na direção que seus interesses possuem e no movimento da libido, que Jung entende como sendo energia psíquica. Podemos, então, entender extroversão como o enfoque dado ao objeto e introversão como o enfoque dado ao sujeito. Assim, em relação ao tipo introvertido e extrovertido ele revelou: “um encarrega-se da reflexão; o outro, da iniciativa e da ação prática.” Jung (1971b: 47)

           ExtrovertidoA energia natural da pessoa flui para o mundo externo de objetos, fatos e pessoas. Atenção para a ação, impulsividade, comunicabilidade, sociabilidade e facilidade de expressão oral. Extroversão significa “o fluir da libido de dentro para fora.”Jung (1967:48).O extrovertido se adapta mais facilmente às condições externas.

           IntrovertidoDireciona a atenção para o seu mundo interno de pensamentos, emoções e impressões. Ação voltada para o interior, hesitabilidade, pensar antes de agir, postura reservada, retraimento social, retenção das emoções, discrição, facilidade de se expressar por meio da escrita. Ocupa-se dos seus processos externos suscitados pelos fatos externos.

“ambas as atitudes existem dentro dele, mas só uma delas foi desenvolvida como função de adaptação; logo podemos supor que a extroversão cochila no fundo do introvertido, como uma larva, e vice -versa.” Jung (1971b: 48)

“não só o homem comum pode ser enquadrado numa dessas duas atitudes típicas. Igualmente os filósofos, através de suas concepções do mundo revelam seus tipos psicológicos, bem como os artistas, através de suas interpretações da vida. Jung se intrigava que os mesmos fenômenos psíquicos fossem vistos e compreendidos tão diferentemente por homens de ciência, cada um de seu lado, honestamente convencido de haver descoberto a verdade única.” Silveira (1988: 54)

“... acontece que cada psicólogo vê a vida psíquica através de seu tipo psicológico. Freud na qualidade de extrovertido, dando prevalência ao objeto. Adler como introvertido, valorizando sobretudo o sujeito.” Silveira (1988: 54)

“... acontece que cada psicólogo vê a vida psíquica através de seu tipo psicológico. Freud na qualidade de extrovertido, dando prevalência ao objeto. Adler como introvertido, valorizando sobretudo o sujeito.” Silveira (1988: 54)

“Wiliam James já havia notado a existência desses dois tipos entre os pensadores. Classificara-os em “tender-minded” e “tough-minded”. Oswald também propôs para os grandes sábios uma distinção análoga: o tipo clássico e o tipo romântico. Escolhi esses dois nomes entre muitos outros só para mostrar que não me encontro isolado nesta minha idéia dos tipos. Provei, com minhas pesquisas históricas, que um grande número de importantes questões e conflitos na história do espírito repousam na oposição desses dois tipos”. Jung (1971b: 46)

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Funções Psíquicas

São atividades da psique que apresentam uma consciência interna, sendo uma atribuição congênita que estabelece habilidades, aptidões e tendências de relacionamento do indivíduo com o mundo e consigo mesmo.São responsáveis pela definição do tipo psicológico do indivíduo.São o que aponta a diferença entre indivíduos dentro de um mesmo tipo psicológico. São quatro: Sensação, pensamento, sentimento e intuição. Duas maneiras opostas de perceber as coisas: Sensação e Intuição. São funções irracionais, a situação é apreendida diretamente, sem julgamento ou avaliação.Duas maneiras opostas de julgar as coisas: Pensamento e Sentimento. São funções racionais, influenciadas pela reflexão, também chamadas de funções de julgamentos. SensaçãoFunção dos sentidos, da percepção do mundo através dos órgãos dos sentidos.Pessoas com essa função acreditam nos fatos, tem facilidade de lembrá-los, dão atenção ao presente. São focadas no real e no concreto, são práticas e realistas. Preocupam-se mais em manter as coisas funcionando do que abrir novos caminhos. Oposto da função Intuição.IntuiçãoNessa função a percepção se dá através do inconsciente. A apreensão do ambiente se dá por pressentimentos, palpites, sonhos premonitórios. Busca os significados, as relações e possibilidades futuras da informação recebida. Pessoas dessa função tendem a ver o todo, não as partes. Apresentam dificuldade na percepção dos detalhes.PensamentoEstabelece a conexão lógica e conceitual entre os fatos percebidos. As pessoas que utilizam essa função julgam, classificam, e discriminam uma coisa de outra sem interesse pelo valor afetivo. São voltadas para a razão e imparciais em seus julgamentos. Oposta à função Sentimento.SentimentoJulga o valor intrínseco das coisas, preocupa-se com a harmonia do ambiente e incentiva movimentos sociais. Utiliza valores pessoais na tomada de decisões. "Lógica do coração."

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Função Dominante

Jung constatou que uma função sempre se sobressai e se torna dominante na personalidade, enquanto outra permanece como função auxiliar. Outras duas funções, terciária e inferior, se desenvolvem no inconsciente.Ele afirma que a atividade dessas funções, se desenvolvidas de forma muito desiguais, pode causar perturbações neuróticas.Para Jung o inconsciente é o produto da interação entre o inconsciente coletivo e o meio ambiente em que o indivíduo cresce.“Tudo quanto conheço, mas sobre o qual no momento não estou pensando; de tudo quanto eu tinha consciência mas agora esqueci; tudo quanto os seus sentidos percebem, mas que não é notado pela minha mente consciente; tudo quanto, involuntariamente e sem prestar atenção, sinto, penso, recordo, quero e faço; todas as coisas futuras que estão tomando forma em mim e que algum dia virão à consciência; tudo isso é o conteúdo do inconsciente.” Stevens (1990: 52)Surge pelo exercício e desenvolvimento dos traços congênitos. Por ser mais desenvolvida e utilizada com mais frequência determina o aspecto funcional do tipo psicológico.“na luta pela existência e pela adaptação, cada qual emprega instintivamente sua função mais desenvolvida, que se torna, assim, o critério de seu hábito de reação .... Assim como o leão abate seu inimigo ou sua presa com a pata dianteira (e não com a cauda, como faz o crocodilo), também nosso hábito de reação se carateriza normalmente por nossa força, isto é, pelo emprego de nossa função mais confiável e mais eficiente, o que não impede que às vezes, também possamos reagir utilizando nossa fraqueza específica. Tentaremos criar e procurar situações condizentes e evitar outras para, assim, fazermos experiências especificamente nossas e diferentes das dos outros”. Jung (1971a: 493)Nise da Silveira destacou que a função dominante é a arma mais eficiente que o indivíduo “dispõe para usar na sua orientação e adaptação ao mundo exterior; ela se torna o seu Habitat reacional.” Silveira (1988:56) “Muito freqüentemente... um homem se identifica mais ou menos completamente com sua função mais favorecida e, portanto, mas desenvolvida. É isto o que dá origem aos vários tipos psicológicos”. Sharp, 1993:73)Desenvolver todas as funções de forma igual é praticamente impossível. O mundo, o convívio social, obriga o homem a utilizar a sua função predominante, a que o deixa mais confortável, para "sobreviver" no seu meio.“por volta da idade do Jardim da Infância, já podemos detectar o desenvolvimento da função principal, através da preferência por alguma ocupação ou pela forma de relacionamento da criança com os seus colegas. A unilateralidade vai aumentando com o desenvolvimento cronológico e o meio, por sua vez, colaborando para reforçá-la, verificando portanto, o aumento do desenvolvimento da função superior e a lenta degeneração da inferior.” Von Franz (1990: 36)Segundo Marie-Louise von Franz, em alguns casos essa unilateralidade (predominância de uma das funções) é abrandada. É o caso de pessoas que vivem em contato com a natureza e que, por necessidade, acabam, desenvolvendo todas as funções, mas ainda assim de forma desigual. Ex: camponeses, povos primitivos.

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Função Secundária e Terciária

A função secundária fica relegada a um plano inferior e sua existência tem o objetivo de servir à função principal. Traz equilíbrio entre extroversão e introversão e entre julgamento e percepção.“Para viverem felizes e efetivamente em ambos os mundos, as pessoas necessitam de um auxiliar equilibrado que tornará possível a adaptação em ambas as direções - o mundo à sua volta e seu próprio interior.”Myers & Myers (1997: 43) Myers & Myers (op. cit.) escreveram uma parábola em que apresentam o processo dominante (função superior) como um general e o processo auxiliar como um ajudante de ordens. No caso dos extrovertidos, o general está sempre exposto - as pessoas fazem suas negociações direto com ele - e o ajudante de ordens fica respeitosamente atrás ou dentro da barraca. O general dos introvertidos está dentro da barraca trabalhando em assuntos de alta prioridade; o ajudante de ordens está do lado de fora evitando as interrupções. Neste caso, o ajudante de ordens é com quem as pessoas se encontram e com quem negociam - apenas quando o negócio é muito importante, as pessoas conseguem encontrar o general em pessoa. Assim, se as pessoas não perceberem que existe um general dentro da barraca, entenderão que é o ajudante de ordens que está no comando (entendendo esta como sua função superior).Myers & Myers (op. cit.) escreveram uma parábola em que apresentam o processo dominante (função superior) como um general e o processo auxiliar como um ajudante de ordens. No caso dos extrovertidos, o general está sempre exposto - as pessoas fazem suas negociações direto com ele - e o ajudante de ordens fica respeitosamente atrás ou dentro da barraca. O general dos introvertidos está dentro da barraca trabalhando em assuntos de alta prioridade; o ajudante de ordens está do lado de fora evitando as interrupções. Neste caso, o ajudante de ordens é com quem as pessoas se encontram e com quem negociam - apenas quando o negócio é muito importante, as pessoas conseguem encontrar o general em pessoa. Assim, se as pessoas não perceberem que existe um general dentro da barraca, entenderão que é o ajudante de ordens que está no comando (entendendo esta como sua função superior).A função terciária é rudimentar. É oposta à função auxiliar na escala das preferências.

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Função Inferior

É a função menos desenvolvida e se contrapõe à função dominante. Aspectos: suscetibilidade, tirania, grande carga de emoção, acentuado grau de autonomia, uma grande concentração vital. Não é subordinada à consciência. “a função inferior representa a parte desprezada da personalidade - ridícula, lenta e inadaptada - que constrói a conexão com o inconsciente e que retém, portanto, a chave secreta da totalidade inconsciente. Enfim, ela é a ponte para o inconsciente e sempre dirigida para o mundo simbólico... a função inferior faz a ponte para o inconsciente.” Von Franz (1990: 19)Segundo Von Franz, o comportamento da função inferior é refletido nos contos de fadas, nos quais em geral aparece como o terceiro filho de um rei e a quarta figura do conjunto, e tem, de acordo com os mitos, qualidades superficiais diferentes: algumas vezes é o mais jovem, outras é um pouco retardado ou ainda um tolo completo.Enquanto a libido é direcionada em sua maior parte para a função dominante, a função inferior evolui de forma contrária e torna-se incompatível com a função principal. Ela permanece na porta de entrada do inconsciente, de forma arcaica e primitiva.“Nossas funções inadequadas são a porta de entrada pela qual as dificuldades, problemas e sofrimentos nos alcançam. Quando o ego se encontra em um estado de excessiva identificação com a função superior, as funções inadequadas podem ter um efeito sabotador sobre a personalidade consciente.” Whitmont (1995: 130)Jung (1971b) demonstrou o processo de enantiodromia, termo utilizado por Heráclito que significa “correr em direção contrária”, advertindo que um dia tudo reverte ao seu contrário. Para Jung, Heráclito descobriu a mais fantástica de todas as leis da psicologia: “a função reguladora dos contrários... Só escapa da lei da enadiodromia quem é capaz de diferenciar-se do inconsciente... A enandiodromia é o estar dilacerado nos pares contrários.” Jung (1971b: 65)A função inferior costuma aparecer quando a pessoa está sob forte pressão ou sofrendo de algum tipo de enfermidade. “acontecimentos positivos ou negativos podem trazer a tona a função contrária inferior. Sobrevindo isso, manifesta-se a hipersensiblidade, sintoma da existência de uma inferioridade. Assim estabelecem-se as bases psicológicas da desunião e da incompreensão, não só entre duas pessoas, como também da cisão dentro de si mesmo... a natureza da função inferior é caraterizada pela autonomia; é independente, ela nos acomete, fascina e enleia, a ponto de deixarmos de ser donos de nós mesmos e não nos distinguirmos mais exatamente dos outros.” Jung (1971b: 50)Caso a função inferior ganhe energia poderá emergir no consciente de forma primitiva, infantil, bruta trazendo desequilíbrio e neurose. Caso seja negligenciada em demasiada pode emergir e interferir no consciente. Para que isso não ocorra de forma abrupta e prejudicial, Jung aponta a teoria do equilíbrio dos opostos afirmando que a função inferior deve ser reconhecida e não reprimida.

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