O currículo integrado no Instituto Federal de Santa Catarina
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Este trabalho apresenta os resultados do projeto de estudo e pesquisa: O currículo integrado no Instituto Federal de Santa Catarina, que surgiu das reflexões e ações desenvolvidas pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Currículo Integrado e Saberes Docentes do Instituto Federal de Santa Catarina, Câmpus Chapecó-SC.
O currículo integrado no Instituto Federal de Santa Catarina
A partir do decreto-lei 5.154/2004, ressurgiu o debate sobre a articulacão entre a
educacão profissional e a educacão básica.
Com o ensino médio integrado, educadores e gestores de todo o Brasil foram desafiados a pensar
na materializacão do chamado currículo integrado, rompendo com a histórica dicotomia entre o
ensino médio e o ensino técnico.
Nesse contexto, o Grupo de Estudo e Pesquisa em Currículo Integrado e Saberes Docentes do Instituto Federal
de Santa Catarina - Câmpus Chapecó, empenhou-se em analisar a oferta do ensino médio integrado no IFSC,
bem como, mostrar a sua materializacão no cotidiano institucional por meio dos cursos ofertados.
Para alcancar estes objetivos, foi necessário que cada membro do grupo lesse e avaliasse dois projetos, objetivando pontuar as seguintes informações: (a)
justificativa para oferta do curso; (b) os objetivos do curso; (c) a matriz curricular; (d) a metodologia proposta; (e) as concepções pedagógicas que
fundamentam cada projeto; e (f) como se dá a integração entre as áreas técnicas e formação geral.
Com isso, duas categorias da análise emergiram como as mais relevantes para a presente pesquisa: (1) Formação de mão de
obra ou trabalho como princípio educativo e (2) materialização da integração entre as áreas da formação geral com as das
áreas da formação técnica.
Ao todo foram analisados treze projetos de cursos integrados, ofertados em nove campus do IFSC, nas seguintes áreas: Agroindústria,
Comunicação visual, Eletroeletrônica, Eletromecânica, Informática, Química, Mecânica, Saneamento e Vestuário.
Mundo do trabalho e humanização X Mão de obra demandada pelo mercado de trabalho.
Dessa forma, constata-se que sete dos projetos analisados, propõem uma formação voltada para o mundo do trabalho e para a
humanização, com a preocupação de uma formação integrada de sujeitos crítico-reflexivos constante ao longo do texto.
Já em outros seis dos projetos analisados, o enfoque está na
formação de mão de obra para atender as demandas do mercado
de trabalho, sem referências plausíveis ao trabalho como princípio
educativo.
Um dos projetos revela que o foco do curso proposto é atender a demanda do
mercado de trabalho, formar mão de obra competente, qualificada e bem treinada
para atender às novas exigências do mercado de trabalho industrial, sem preocupar-se
com uma formação mais ampla, para a cidadania. Em outro projeto há o destaque de
uma proposta afim de proporcionar “uma formação integral humanista”.Contudo,ao
longo de todo o projeto encontra-se o total predomínio da preocupação com a
formação de mão de obra competente para atender às necessidades das indústrias
Assim, fica evidente que, apesar de vigorar já por mais de uma década, o decreto 5.154/2004 ainda
não foi totalmente compreendido por aqueles que fazem a educação na prática.
Contudo, é preciso levar em consideração que essa Instituição por quase um século esteve
voltada mais para a formação profissional de seus alunos, exigida pelo mercado de trabalho, do
que com uma formação humanista. Essa mudança de paradigma é recente e toda mudança leva
tempo para ser efetivada, uma vez que requer que os envolvidos no processo compreendam
primeiramente o novo paradigma e se identifiquem com o mesmo para o efetivarem na prática.
A respeito da materializacão da integração nos cursos de ensino médio no IFSC, apresentam-se três realidades: (1) a
integração entre as unidades curriculares da formação geral e da área técnica ocorre em uma unidade curricular
específica chamada Projeto Integrador (PI); (2) não há uma unidade curricular específica para integrar as diferentes
áreas; e (3) não há qualquer menção em relação à integração entre as áreas.
Em seis, dos treze projetos
analisados, identificou-se a
preocupação com a integração
entre os conhecimentos gerais
e técnicos, por meio de um
Projeto Integrador.
Um dos projetos analisados, não possui a
unida-de curricular Projeto Integrador, utiliza, no
entanto, a pesquisa como eixo condutor da
integração curricu-lar, propondo a integração
através da construção de projetos temáticos
desenvolvidos ao longo do curso
Em seis, dos treze projetos
analisados, não se percebem
momentos de articulação entre
as áreas do conhecimento ou
trabalhos de formação coletiva,
mesmo se tratando de cursos
integrados.
Leusa F. L. Possamai(2); Margarete G. M. de Carvalho(3); Erica MastellaBenincá(4);
SaionaraGreggio(4); Sandra A. Antonini Agne(4);Sabrina P. Maia(5).
(1) Trabalho executado com recursos do Edital 19/2014/PROPPI – Programa
de Apoio ao Fortalecimento dos Grupos de Pesquisa do IFSC.
(2) Técnica em Assuntos Educacionais do IFSC, Câmpus
Chapecó- leusa@ifsc.edu.br
(3) Técnica em Assuntos Educacionais do IFSC, Câmpus São Miguel do
Oeste– margarete.carvalho@ifsc.edu.br
(4) Docentes do IFSC; Câmpus Chapecó –erica.beninca@ifsc.edu.br;saionara.greggio@ifsc.edu.br;
agne@ifsc.edu.br;
(5) Bolsista do IFSC; Câmpus Chapecó - saa_brinapm@hotmail.com
Diante da análise desses projetos pedagógicos, percebemos que o conceito de integracão varia muito de um
projeto para outro, estando bastante claro em alguns e totalmente ausente em outros.O resultado de nossas
análises também sugerem que aqueles que efetivamente elaboram os PPCs dos cursos, em sua maioria docentes, ainda não
se apropriaram das bases e premissas do que é o ensino integrado, baseado no trabalho como princípio educativo.