O Arcadismo

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O estilo de época na Era Clássica: Arcadismo. A influência de Horácio, a linguagem do Arcadismo, A poesia lírica em Minas Gerais, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Santa Rita Durão, Basílio da Gama.
SANDRA GOUVEIA
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    O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclassicismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto).Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega que perpassa o movimento.
    INTRODUÇÃO

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    Profundas mudanças no contexto histórico mundial caracterizam o período, tais como a ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na América do Norte, ocorre a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real em 1808.
    CONTEXTO HISTÓRICO

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    CONTEXTO HISTÓRICO
    Caption: : FORTE REAÇÃO ANTIBARROCA. VERIFICA-SE UMA CRESCENTE DIFUSÃO E ACEITAÇÃO DA DOUTRINA DO CLASSICISMO FRANCÊS, PRIMEIRO DE MODO DISPERSO, DEPOIS SOB A FORMA DE CORRENTES ARCÁDIAS OU NEOCLÁSSICAS.

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    Houve dois momentos do Arcadismo no Brasil:a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia.b) ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
    Produção literária

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    Literatura BrasileiraSeus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.  
    Principais representantes

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    Caption: : Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundad em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e romana.
    Arcádia Ultramarina

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    - inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico);- influência da filosofia francesa;- mitologia pagã como elemento estético;- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;- pastoralismo: poetas simples e humildes;- bucolismo: busca pelos valores da natureza;- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;- tom confessional;- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.
    Principais características

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    Termos em latim
    O uso de expressões em latim era comum no neoclassicismo. Elas estavam associados ao estilo de vida simples e bucólico. Conheça algumas delas: Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos monárquicos;Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.

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    Caption: : Nicollas Poussin, Os pastores na Arcádia
    Carpe diem: "aproveitar a vida"
       Nessa tela temos uma paisagem bucólica e, no primeiro plano, três pastores com sus cajados e uma jovem que se assemelha às estátuas gregas. No centro da tela, alvo das atenções,  um túmulo com a inscrição  latina " Et In Arcadia  ego" , que pode ser traduzida: Eu, que estou morto, também já estive na Arcádia. E o pensamento árcade : Aproveite enquanto está vivo.

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    Fingimento poético
    Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios.

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    AUTORES
    Também conhecido como o "guardador de rebanhos" Glauceste Satúrnio, seu pseudônimo, Cláudio Manoel da Costa nasceu na cidade de Mariana (em Minas Gerais). Estudou Direito em Coimbra, onde teve contato com as principais ideias do Iluminismo e, ao voltar para o Brasil, fundou da Arcádia Ultramarina em Vila Rica. Era um homem muito rico e de posses que influenciou a elite intelectual da época. Por ter participado da Inconfidência Mineira, foi preso e encontrado enforcado na cadeia em 1789.
    Caption: : Cláudio Manoel da Costa, o poeta mineiro nascido em 1729 e morreu em 1789

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    Veja um exemplo de sua poesia bucólica:SonetosXEu ponho esta sanfona, tu, Palemo, Porás a ovelha branca, e o cajado; E ambos ao som da flauta magoado Podemos competir de extremo a extremo.Principia, pastor; que eu te não temo; Inda que sejas tão avantajado No cântico amebeu: para louvado Escolhamos embora o velho Alcemo.Que esperas? Toma a flauta, principia; Eu quero acompanhar te; os horizontes Já se enchem de prazer, e de alegria:Parece, que estes prados, e estas fontes Já sabem, que é o assunto da porfia 
    Exemplo de poesia épica:Vila RicaCanto VILevados de fervor, que o peito encerra Vês os Paulistas, animosa gente, Que ao Rei procuram do metal luzente Co'as próprias mãos enriquecer o erário. Arzão é este, é Este, o temerário, Que da Casca os sertões tentou primeiro: Vê qual despreza o nobre aventureiro, Os laços e as traições, que lhe prepara Do cruento gentio a fome avara.
    Poeisa de Cláudio Manoel da Costa

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    TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
    Caption: : Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
    Nasceu na cidade de Porto, em Portugal, porém, filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, vive parte da vida no Brasil. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, muda para o Brasil para trabalhar como ouvidor e juiz. Aqui, pretendia se casar com a jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão, sua musa Marília.

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    No entanto, como participara da Inconfidência Mineira, é preso e levado para o Rio de Janeiro. Quando sai da prisão, muda-se para Moçambique, na África, onde casa com Juliana de Sousa Mascarenhas.
    Tomás Antônio Gonzaga e a Inconfidência

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    Tomás Antônio Gonzaga é o pastor Dirceu, pseudônimo criado pelo poeta para seu conjunto de liras famosas intitulado Marília de Dirceu, publicadas em três partes nos anos de 1792, 1799 e 1812. Nessa obra, Dirceu é o pastor que cultiva o ideal da vida campestre, que vive entre ovelhas em uma choupana e aproveita o momento presente ao lado da amada Marília.
    O Pastor Dirceu

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    Lira IEu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d’expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto.Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
    Marília de Dirceu
    Lira XIXEnquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marília, nos sentemos À sombra deste cedro levantado.Um pouco meditemos Na regular beleza,Que em tudo quanto vive, nos descobreA sábia natureza. 

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    Critilo
                                  Por fim, Tomás Antônio Gonzaga também ficou conhecido por suas Cartas Chilenas, compostas por 13 poemas satíricos escritos antes da Inconfidência Mineira. Novamente, Gonzaga cria personagens e pseudônimos: aqui, Critilo assina as cartas e as envia para Doroteu. O conteúdo das "cartas" são críticas ao suposto governador do Chile (onde vive Ctilo) Fanfarrão Minésio, uma referência ao governador de Minas Gerais Luís da Cunha Meneses.

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    Cartas chilenas
    Amigo Doroteu, prezado amigo,Abre os olhos, boceja, estende os braçosE limpa, das pestanas carregadas,O pegajoso humor, que o sono ajunta.Critilo, o teu Critilo é quem te chama;Ergue a cabeça da engomada fronhaAcorda, se ouvir queres coisas raras.
    Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!Quanto melhor te fora se sentissesAs pragas, que no Egito se choraram,Do que veres que sobe ao teu governoCarrancudo casquilho, a quem rodeiamOs néscios, os marotos e os peraltas!Seguido, pois, dos grandes entra o chefeNo nosso Santiago junto à noite.A casa me recolho e cheio destasTristíssimas imagens, no discurso,Mil coisas feias, sem querer, revolvo.Por ver se a dor divirto, vou sentar-meNa janela da sala e ao ar levantoOs olhos já molhados. Céus, que vejo!Não vejo estrelas que, serenas, brilhem,Nem vejo a lua que prateia os mares:Vejo um grande cometa, a quem os doutosCaudato apelidaram. Este cobreA terra toda co’ disforme rabo.

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    Santa Rita Durão
    José de Santa Rita Durão nasceu em Cata-Preta, nas proximidades de Mariana em Minas Gerais. Ingressa na Ordem de Santo Agostinho, em Portugal, e lá permanece até sua morte em 1784.
    Caption: : Santa Rita Durão (1722-1784)

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    Seu trabalho mais conhecido é o Caramuru (1781), cujo subtítulo, Poema épico do descobrimento da Bahia,remonta ao tempo em que os primeiros europeus chegaram ao Brasil e travaram contato com os nativos.
    Caramuru

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    caramuru
    Caramuru é o nome dado ao português Diogo Álvares Correia que passa a viver entre os índios Tupinambás após sobreviver a um naufrágio no litoral baiano. Considerado um herói "cultural", que ensina as leis e as virtudes aos "bárbaros" que aqui viviam, ganha o respeito dos índios ao disparar uma arma de fogo.

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    Diogo e a fé cristã
     Considerado um herói "cultural", que ensina as leis e as virtudes aos "bárbaros" que aqui viviam, ganha o respeito dos índios ao disparar uma arma de fogo. Os índios, assustados, equiparam-no a Tupã e passam a respeitá-lo como uma entidade enviada. Ele se encanta com Paraguaçu, a bela índia de pele branca. Já instalado na tribo, Diego percebe a possibilidade de difundir a fé cristã para os índios, doutrinando-os após ter encontrado uma gruta que se assemelharia a uma igreja.

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    Mais adiante, Diego ajuda a resgatar a tripulação de um barco espanhol que havia naufragado e vê a possibilidade de retornar à Europa através da nau francesa que viera resgatar aquela tripulação. Parte, com Paraguaçu, deixando para trás as belas índias que haviam se apaixonado por ele, incluindo Moema, a mais bela, que atira-se ao mar em direção ao navio na tentativa de alcançar o seu amado. Ao chegar na Europa, Paraguaçu é batizada de Catarina, ambos são festejados e recebem as honras da realeza lusitana.
    Moema

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    Canto VIXXXVIICopiosa multidão da nau francesaCorre a ver o espetáculo assombrada;E, ignorando a ocasião de estranha empresa,Pasma da turba feminil que nada.Uma, que às mais precede em gentileza,Não vinha menos bela do que irada;Era Moema, que de inveja geme,E já vizinha à nau se apega ao leme.
    XXXVIII"- Bárbaro (a bela diz), tigre e não homem...Porém o tigre, por cruel que brame,Acha forças amor que enfim o domem;Só a ti não domou, por mais que eu te ame.Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem.Como não consumis aquele infame?Mas apagar tanto amor com tédio e asco...Ah que o corisco és tu... raio... penhasco?
    poema Caramuru

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    Basílio da Gama (1741-1795)
    José Basílio da Gama nasceu em 1741 na cidade de São José do Rio das Mortes, atual Tiradentes, em Minas Gerais. Falece em Lisboa no dia 31 de julho de 1795.
    Caption: : pseudônimo: de Termindo Sipílio

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    Basílio da Gama
    Basílio da Gama estudou no Colégio dos Jesuítas e era noviço quando os jesuítas foram expulsos do país. Exilou-se na Itália e filiou-se na Arcádia Romana, sob o pseudônimo de Termindo Sipílio. É preso por jesuitismo, em Lisboa, e enviado para Angola, livrando-se do exílio ao escrever um poema para a filha do Marquês de Pombal.

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           Em 1769 publica o poema épico O Uraguai, criticando os jesuítas e defendendo a política do Marquês de Pombal que o transforma em oficial da Secretaria do Reino. A crítica recaía no fato de que os jesuítas não defendiam os índios, apenas pretendiam falsamente libertá-los e usar a mão de obra indígena para proveito próprio.      Segundo o crítico literário Alfredo Bosi no estudo História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: Cultrix, 2006), Basílio da Gama é o homem do fim do século XVIII "cujos valores pré-liberais prenunciam a Revolução e se manteriam com o idealismo romântico". Assim, pode-se dizer que O Uraguai prenuncia muitos dos aspectos que serão desenvolvidos durante o movimento do Romantismo.
    Basílio da Gama

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    Canto IV(...)Cansada de viver, tinha escolhidoPara morrer a mísera Lindóia.Lá reclinada, como que dormia,Na branda relva e nas mimosas flores,Tinha a face na mão, e a mão no troncoDe um fúnebre cipreste, que espalhavaMelancólica sombra. Mais de pertoDescobrem que se enrola no seu corpoVerde serpente, e lhe passeia, e cingePescoço e braços, e lhe lambe o seio.Fogem de a ver assim, sobressaltados,E param cheios de temor ao longe;E nem se atrevem a chamá-la, e tememQue desperte assustada, e irrite o monstro,E fuja, e apresse no fugir a morte.
    A cena da morte de Lindóia

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    Quem foi Sepé Tiaraju?
    Importante personagem na história do país, o Sepé Tiaraju é retratado em O Uraguai como um guerreiro defensor de seu território na tentativa de impedir que os portugueses se apropriassem de suas terras e de seus gados. Morto em batalha, quando lutava contra a decisão que dava as terras aos portugueses, o índio é considerado um herói nacional, sendo nomeado "herói guarani missioneiro rio-grandense", e também santo popular por alguma religiões brasileiras.

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    RESUMO O Arcadismo: século XVIII
    CONTEXTO HISTÓRICO- Iluminismo;- Lutas pela independência do Brasil.CARACTERÍSTICAS- Modelo greco-romano e renascentista;- Mitologia pagã;- Pastoralismo, nativismo, bucolismo;- Expressões em latim.
    PRINCIPAIS AUTORES- Claudio Manoel da Costa;- Tomás Antônio Gonzaga;- Basílio da Gama;- Santa Rita Durão.

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