Maurice Tardif- Saberes docentes e formação profissional.

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Resumo do capitulo 2
Karolyn Dacri
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Question Answer
Capítulo 2 (pág 56 até 79) Saberes, tempo e trabalho no magistério. Em termos sociológicos, pode-se dizer que o trabalho modifica a identidade do trabalhador, pois trabalhar não é somente fazer alguma coisa, mas fazer alguma coisa de si mesmo, consigo mesmo.
Como lembra Schwartz, a experiência viva do trabalho ocasiona sempre ''um drama do uso se si mesmo'', ''uma problemática negociação entre o uso de si por si mesmo e o uso de si pelo(s) outro(s)''. Se uma pessoa ensina durante trinta anos, ela não faz simplesmente alguma coisa, ela faz também alguma coisa de si mesma: sua identidade carrega as marcas de sua própria atividade, e uma boa parte de sua experiência é caracterizada por sua atuação profissional. Em suma, COM O PASSAR DO TEMPO, ela vai-se tornando- aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros- um professor, com sua cultura, seu ethos, suas ideias, suas funções, seus interesses, etc.
Ora, se o trabalho modifica o trabalhador e sua identidade, modifica também, SEMPRE COM O PASSAR DO TEMPO, o seu ''saber trabalhar''. De fato, em toda ocupação, o tempo surge como um fator importante para compreender os saberes dos trabalhadores, UMA VEZ QUE TRABALHAR REMETE A APRENDER A TRABALHAR, OU SEJAM A DOMINAR PROGRESSIVAMENTE OS SABERES NECESSÁRIOS À REALIZAÇÃO DO TRABALHO: '' a vida é breve, a arte é longa'', diz o provérbio. 1- Por que esse interesse na construção dos saberes? Knowledge base pode ser entendido de duas maneiras: num sentido restrito, ela designa os saberes mobilizados pelos ''professores eficientes'' durante a ação em sala de aula( por exemplo, nas atividades de gestão de classe e de gestão da matéria), saberes esses que foram validados pela pesquisa e que deveriam ser incorporados aos programas de formação de professores; num sentido amplo, designa o conjunto dos saberes que fundamentam o ato de ensinar no ambiente escolar. Esses saberes provêm de fontes diversas (formação inicial e contínua dos professores, currículo e socialização escolar, conhecimento das disciplinas a serem ensinadas, experiência na profissão, cultura pessoal e profissional, aprendizagem com os pares, etc.) é a este segundo significado que está ligada a nossa própria concepção.
Quadro 1- Os saberes dos professores. Saberes dos professores: Saberes pessoais dos professores. Fontes sociais de aquisição: A família, o ambiente de vida, a educação no sentido lato, etc. Modos de integração no trabalho docente: Pela história de vida e pela socialização primária. Saberes dos professores²: Saberes provenientes da formação profissional para o magistério. Fontes sociais de aquisição: A escola primária e secundária, os estudos pós-secundários não especializados, etc. Modos de integração no trabalho docente: Pela formação e pela socialização pré-profissionais.
Saberes dos professores: Saberes provenientes da formação profissional para o magistério. Fontes sociais de aquisição: Os estabelecimentos de formação de professores, os estágios, os cursos de reciclagem, etc. Modos de integração no trabalho docente: Pela formação e pela socialização profissionais nas instituições de formação de professores. Saberes dos professores: Saberes provenientes dos programas e livros didáticos usados no trabalho. Fontes de aquisição: A utilização das ''ferramentas'' dos professores: programas didáticos, cadernos de exercícios, fichas, etc. Modos de integração no trabalho docente: Pela utilização das ''ferramentas'' de trabalho, sua adaptação às tarefas.
Saberes dos professores: Saberes provenientes de sua própria experiência na profissão, na sala de aula e na escola. Fontes sociais de aquisição: A prática do ofício na escola e na sala de aula, a experiência dos pares, etc. Modos de integração no trabalho docente: Pela prática do trabalho e pela socialização profissional. Sincretismo, em primeiro lugar, que seria vão a nosso ver, procurar uma unidade teórica, ainda que superficial, nesse conjunto de conhecimentos, de saber-fazer, de atitudes e de intenções. Se o saber dos professores possuem uma certa coerência, não se trata de uma coerência teórica nem conceitual, mas pragmática e biográfica: assim como as diferentes ferramentas de um artesão, eles fazem parte da mesma caixa de ferramentas, pois o artesão que os adotou ou adaptou pode precisar deles em seu trabalho.
Sincretismo significa, em segundo lugar, que a relação entre os saberes e o trabalho docente não pode ser pensada segundo o modelo aplicacionista da racionalidade técnica utilizado nas maneiras de conceber a formação dos profissionais e no qual os saberes antecedem a prática, formando uma espécie de repertório de conhecimentos prévios que são, em seguida, aplicados na ação. sincretismo significa, em terceiro lugar, entender que o ensino exige do trabalhador a capacidade de utilizar, na ação cotidiana, um vasto leque de saberes compósitos. Ao agir, o professor se baseia em vários tipos de juízos práticos para estruturar e orientar sua atividade profissional. Por exemplo, para tomar uma decisão, ele se baseia com frequência em valores morais ou normas sociais.
O desenvolvimento do saber profissional é associado Tanto às suas fontes e lugares de aquisição quanto aos seus momentos e fases de construção. Tudo leva a crer que os saberes adquiridos durante a trajetória pré-profissional, isto é, quando da socialização primária e sobretudo quando da socialização escolar, têm um peso importante na compreensão da natureza dos saberes, do saber-fazer e do saber-ser que serão mobilizados e utilizados em seguida quando da socialização profissional e no próprio exercício do magistério.
2- As fontes pré-profissionais do saber ensinar: uma história pessoa e social. A socialização é um processo de formação do individuo que se estende por toda a história de vida e comporta rupturas e continuidades. A ideia de base é que esse ''saberes'' não são inatos,mas produzidos pela socialização,isto é, através do processo de imersão dos indivíduos nos diversos mundos socializados (famílias, grupos, amigos, escolas, etc.) nos quais eles constroem, em interação com os outros, sua identidade pessoal e social.
O tempo de aprendizagem do trabalho não se limita à duração da vida profissional, mas inclui também a existência pessoal dos professores, os quais, de um certo modo, aprenderam seu ofício antes de iniciá-lo. pode-se conceber a carreira como a trajetória dos indivíduos através da realidade social e organizacional das ocupações, pouco importa seu grau de estabilidade e sua identidade. A carreira consiste numa sequência de fases de interrogação numa ocupação e de socialização na subcultura que a caracteriza.
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